No mês em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação, o governo federal, a Prefeitura do Rio, organizações da sociedade e o setor privado se reúnem para tratar da campanha de promoção da alimentação saudável, que será lançada na cidade do Rio de Janeiro, em 2016.
No encontro, serão firmados os primeiros compromissos dos parceiros para a campanha Brasil Saudável e Sustentável. A iniciativa tem como principal objetivo unir forças para travar a batalha contra a obesidade e o sobrepeso da população na Cidade Maravilhosa.
De acordo com o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arnoldo de Campos, “o momento é de unir esforços em torno do objetivo de tirar o Rio de Janeiro das primeiras colocações das capitais com maior percentual de obesidade”.
A proposta, segundo o secretário, é que as ações ganhem escala e inspirem outras iniciativas pelo país. “O Brasil tem um patrimônio físico de produção diversificada de alimentos saudáveis que nos dá base para promover esta mudança nos hábitos alimentares da população, com tudo dentro de casa”, disse ele nesta segunda-feira (19), na abertura do encontro, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Na ocasião, o subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Solidário, que representou a Prefeitura do Rio, Eugênio Soares, reforçou a importância do tema da promoção da alimentação saudável para a capital. “A prefeitura está engajada nas ações da campanha”.
Já o representante da Organização Pan-Americana de Saúde, Joaquin Molina, falou sobre as ações da organização para o controle da publicidade dos alimentos, que se integra à campanha Brasil Saudável e Sustentável. “Os conceitos de saudável e sustentável estão inteiramente alinhados com o que a Opas acredita como eficazes nesta luta contra a obesidade e o sobrepeso”, afirmou.
Para a coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner, é importante “dar as pessoas ferramentas suficientes para que elas possam fazer escolhas conscientes pelos alimentos a serem consumidos”. “Essas escolhas vão desde a produção até o consumo. Estabelecer parcerias entre o público e o privado é a forma certa de se construir um país”.
Teresa Coerção, do Instituto Maniva (representante do setor privado de bares e restaurantes), disse que acredita que os chefs de cozinha e os restaurantes podem fazer uma grande diferença na luta pela promoção da alimentação saudável. “Quando se junta um agricultor e um chef de cozinha, com certeza o resultado é muito bom pelo amor e a relação que ambos têm com o alimento de qualidade”.
Segundo o presidente do Sindicato de Bares, Hotéis e Restaurantes do Rio de Janeiro (Sindrio), Pedro Delamare, o papel da entidade neste processo “é conscientizar os donos de restaurantes sobre a importância do alimento saudável”. “Precisamos trazer essa discussão para outros canais, dentre eles, o de fornecedores. O Sindrio trabalha em várias frentes, mas se sente particularmente importante em poder atuar em algo que vale a pena, como esta campanha”.
Alertas da balança – Dados recentes do Ministério da Saúde (Pesquisa Nacional de Saúde) apontam que 57% da população brasileira adulta está com excesso de peso e 21,3%, obesa. Com 54,4% de adultos com excesso de peso e 19,4% com obesidade, o Rio de Janeiro está entre as dez capitais com maior índice, de acordo com outra pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014), também do Ministério da Saúde.
Além disso, apenas 24,7% da população maior de 18 anos consome a quantidade mínima diária de frutas e hortaliças, número que leva o Rio de Janeiro para o 17º lugar entre as demais capitais brasileiras.
Uma outra pesquisa, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com o apoio do Ministério da Saúde, mostra que a situação das crianças também é preocupante. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, mais de um terço das crianças no Brasil, com idade de 5 a 9 anos, estão com excesso de peso e 14,3% estão obesas. Esta tendência decorre se revela em função do consumo de produtos com alto teor de açúcar e gordura que começa muito cedo no Brasil. Estudo do Ministério da Saúde revelou que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade comem biscoitos, bolachas e bolos e que 32,3% tomam refrigerantes ou suco artificial (PNS 2015).
Ações – Para enfrentar este desafio, a campanha vai se concentrar nos principais vilões deste cenário em que o Brasil se encontra: os ultraprocessados que são aqueles vendidos prontos para consumir (como biscoitos recheados, salgadinhos de pacote e frios à base de carnes, como presunto e mortadela), os alimentos prontos para aquecer (como lasanhas, pizzas ou macarrão instantâneo) e as bebidas açucaradas (como refrigerantes, sucos de caixa). Além de conservantes, corantes e outras substâncias químicas, esses alimentos contêm grande quantidade de açúcar, gordura e sódio entre seus ingredientes, que podem trazer prejuízos à saúde da população.
Para isto, a iniciativa estará ancorada em ações voltadas para a promoção da alimentação saudável, com foco nas redes públicas de educação, saúde e assistência social e em parcerias entre o setor privado, público e organizações econômicas da agricultura familiar – responsável pela produção da maior parte dos alimentos frescos consumidos pelos brasileiros diariamente.
A campanha vai chamar a atenção para os benefícios dos alimentos produzidos localmente e para as vantagens do consumo de produtos orgânicos e agroecológicos. Em contraposição, trará alertas contundentes para os riscos do consumo de produtos ultraprocessados para a saúde das pessoas – tudo expresso em materiais de educação alimentar e nutricional, como cartilhas, folderes, vídeos, ações nas redes sociais, entre outras.
Outra ação será as compras de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar das escolas públicas do Rio de Janeiro. Uma delas, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), já está em curso e vai fornecer alimentos orgânicos, em um primeiro momento, para 12 escolas públicas municipais da capital.
Na lista dos alimentos orgânicos constam 22 itens diferentes, como abóbora, batata, beterraba, cenoura, inhame, laranja, tangerina e outros produzidos por agricultores familiares locais. “Esta compra da agricultura familiar, além de inédita na cidade do Rio de Janeiro, vai garantir produtos orgânicos, frescos e variados que irão compor o cardápio e garantir uma alimentação ainda mais saudável para as crianças”, avalia Arnoldo de Campos. A seleção das escolas teve como principal critério aquelas que tenham pelo menos 50% de alunos beneficiários do programa Bolsa Família.
A campanha Brasil Saudável e Sustentável, coordenada pelo MDS, é fruto de diálogos com outros ministérios e órgãos dos governos federal e municipal, além de atores estratégicos da sociedade e do setor privado. São parceiros os ministérios da Saúde (MS), do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Turismo (MTur), a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Sindicato de Bares Hotéis e Restaurantes do Rio de Janeiro (Sindrio), o Instituto Maniva, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), a Agência de Cooperação Alemã (Giz) e a Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde no Brasil.
Fonte: MDS