O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) acaba de lançar uma plataforma de financiamento público-privado para estimular o desenvolvimento agrícola sustentável na América Latina e no Caribe. Denominada de AgroLAC2025, a ferramenta pretende levantar de US$ 30 milhões a US$ 50 milhões em cinco anos para fomentar projetos em pequenas propriedades, responsáveis por mais da metade do alimento produzido no continente.
Conforme Ginya Truitt Nakata, especialista-sênior em operações do BID, o fundo terá como vantagem a credibilidade da instituição, responsável pela gestão dos recursos, e a expertise da ONG The Nature Conservancy (TNC), que fará a análise técnica dos projetos. “Esta não é uma área nova para o BID, que já investiu mais de US$ 20 milhões em financiamento para a segurança alimentar na região. Mas é um projeto para mudar o jogo, pois envolve todos os parceiros interessados em agricultura e sustentabilidade”, disse a executiva.
A decisão de criar o fundo ocorre na esteira da crescente demanda por alimentos, que eleva a pressão por mais produtividade aos 14 milhões de pequenos agricultores latino-americanos. E chega em meio à desaceleração de economias da região e à consequente perda de orçamento de organizações voltadas à promoção da sustentabilidade no campo. Nesse sentido, a AgroLAC2025 é encarada pelo BID como uma forma de fechar essa lacuna e evitar que o crescimento da agropecuária se dê de forma anárquica, sem respeito ao ambiente e ao aspecto social.
Segundo Ginya, parte dos aportes deverá vir de governos locais. O BID, porém, já está em conversas com grupos do agronegócio para adesão à plataforma. O Instituto Dow, da Dow Chemical, realizou o primeiro aporte. O valor não foi revelado.
Os projetos deverão contemplar o desenvolvimento da agricultura em diversos aspectos. Segundo Melissa Brito, gerente de produção sustentável para a América Latina da TNC, uma das urgências é o aumento da produtividade por meio de práticas sustentáveis. Ela citou como exemplos as iniciativas com cacau e pecuária no Pará. Outra urgência é o acesso a mercados.
Não haverá financiamento direto ao produtor, mas a projetos em campo ou ao desenvolvimento de políticas com potencial de transformação econômica, social e ambiental, além da capacidade de se multiplicar. Cada um dos 26 países latino-americanos poderá receber no máximo 30% do valor total do fundo.
Fonte: Valor Econômico