A semana passada não foi fácil nem aqui nem no resto do mundo. Ela começou com uma segunda-feira de mercados mundiais em queda livre e terminou com números do PIB brasileiro que mostraram a profundidade da crise.
Nesta semana, ainda é terça-feira e já temos o envio ao Congresso de um Orçamento com déficit primário e outra porção de maus augúrios na economia global.
Christine Lagarde, diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional), diz que há uma “recuperação mais fraca do que se esperava nas economias avançadas e uma nova desaceleração nas economias emergentes, particularmente na América Latina”.
Veja 3 sinais negativos revelados hoje:
1. O Canadá está em recessão
O PIB do Canadá teve queda de 0,5% no segundo trimestre, depois de cair 0,8% no primeiro. Dois trimestres seguidos de queda configuram o que os economistas chamam de “recessão técnica”.
Para determinar se há uma recessão para valer, olham para outras coisas. E há motivos para otimismo: o PIB caiu por cinco meses consecutivos, mas subiu 0,5% em junho, e tanto o emprego quanto o consumo das famílias resistiu.
O Canadá é exportador de petróleo e sofreu bastante com a queda do preço para os menores patamares desde 2009. O dólar canadense está no seu menor valor em relação ao americano desde 2004.
Eleições estão marcadas para 19 de outubro e colocam em risco o Partido Conservador, desde 2006 no poder com o primeiro-ministro Stephen Harper.
2. As exportações da Coreia do Sul desabaram
As exportações da Coreia do Sul desabaram 15% em agosto em relação ao mesmo mês no ano passado. Foi a maior queda desde agosto de 2009 – no auge da crise financeira mundial – e quase o dobro da previsão de 5,9%, citada pela Bloomberg.
Os economistas costumam olhar de perto este indicador porque a economia da Coreia do Sul e bastante aberta e dependente da China e do Japão, segunda e a terceira maior economia do mundo, respectivamente.
Além disso, este é o primeiro número mensal a ser revelado das grandes economias. O Goldman Sachs e o UBS apelidaram o dado de “canário na mina de carvão”, em referência a uma tática usada pelos mineiros para monitorar o nível de gases tóxicos. O canário era o primeiro a morrer, indicando que chegava a hora de fugir.
3. A atividade industrial decepcionou na Europa, na China, nos Estados Unidos e no Brasil
Foi divulgado hoje o Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês para Purchasing Managers Index), pesquisas mensais que monitoram o nível de atividade nas empresas privadas industriais.
Acima de 50 indica expansão e abaixo de 50 significa contração. Nos Estados Unidos, ele ficou em 53 segundo a Markit – abaixo de julho e o menor nível desde outubro de 2013.
Na Zona do Euro, o PMI foi de 52,3 também pela Markit, abaixo da preliminar que havia sugerido estabilidade com os 52,4 de julho. Mas a pior notícia vem da China, onde o PMI oficial do governo ficou em 49,7 contra 50 em julho.
É o patamar mais baixo em 3 anos. A pesquisa da Markit só com empresas menores ficou em 47,3, o pior desde março de 2009. Tudo isso alimenta o medo de que a China possa estar desacelerando rápido demais, o que repercute no mundo inteiro.
Já no Brasil, o índice de PMI da Markit caiu pelo sétimo mês consecutivo: de 47,2 em julho para 45,8 em agosto, o pior nível em 4 anos.
Fonte: Exame