Com a colheita de milho segunda safra praticamente concluída em Mato Grosso e se aproximando do final no Paraná, vai se confirmando o recorde de quase 54 milhões de toneladas – na região Centro-Oeste, por exemplo, o aumento chega a 14%. Mesmo assim, os preços do cereal continuam em alta na maioria das regiões acompanhadas pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP. O impulso vem do ritmo aquecido das exportações, que são favorecidas pela alta competitividade do milho brasileiro no mercado internacional.
Segundo cálculos do CEPEA, na parcial de agosto (até dia 17), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), teve média 10% menor que a do primeiro vencimento (Set/15) na CME/CBOT. Em agosto do ano passado (mês inteiro), diferentemente, o Indicador (Campinas) esteve 19% superior à Bolsa de Chicago.
A competitividade atual decorre principalmente do câmbio, e a expectativa é de que continue se valorizando – todos os contratos futuros de dólar na BM&FBovespa apontam valores maiores que os atuais.
Os negócios antecipados também estão em níveis superiores aos do spot atual. Para os embarques a partir de agosto, segundo levantamentos do CEPEA, os negócios efetivados em julho tiveram média de R$ 29,89/saca de 60 kg, enquanto o doméstico (Campinas/SP) estava abaixo de R$ 26,00/saca.
Na parcial deste mês (até dia 14), já foram exportadas 906.200 toneladas de milho, com a média diária em 90.600 toneladas, superando em 63% o resultado já bastante elevado de julho (55.700 toneladas/dia). No mês passado, o volume foi nove vezes superior ao de junho/15 e o dobro do registrado em julho/14. E para ânimo dos vendedores, também o “line up” no Porto de Paranaguá (PR) indica que as exportações tendem a continuar em alta no mês.
Com a exportação limitando a disponibilidade para o mercado doméstico, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu 5,63% na parcial do mês (até o dia 17), fechando a R$ 27,39/saca de 60 kg no dia 17. Se considerados os negócios também em Campinas, mas com prazos de pagamento descontados pela taxa de desconto NPR, a média à vista foi para R$ 26,97/saca, reação de 5,81%.
Segundo dados divulgados na semana passada pela Conab, a produção total de milho (primeira e segunda safras) deve atingir o recorde de 84.3 milhões de toneladas, volume 5,3% maior que o da temporada passada. A produtividade média nacional aumentou 6,1%, para 5.367 kg/hectare, ao passo que a área está estimada em 15.7 milhões de hectares, redução de 0,8%.
Quanto à segunda safra, em especial, a produção deve ser recorde, chegando a 53.99 milhões de toneladas, forte aumento de 11,6% em relação a anterior, ainda segundo a Conab. A produtividade média nacional está estimada em 5.625 kg/hectare e a área plantada em 9.6 milhões de hectares. Na região Centro-Oeste, o aumento da produção pode chegar a 14,1%, totalizando 36.4 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, de acordo com o IMEA, a produção deve atingir 20.95 milhões de toneladas, puxada pela produtividade, que está na média de 105,6 sacas/hectare superior às 91,6 sacas/hectare da temporada passada.
Fonte: Cepea/Esalq