O HOJE: Crise na China preocupa produtores

A queda intensa da bolsa de Xangai nas últimas semanas tem assustado os produtores goianos. O Estado tem a China como o principal importador de soja e o temor é que a desaceleração chinesa possa impactar nos preços e até no recuo das exportações brasileiras para aquele país.

O índice da Bloomberg Commodity Index, que mede a variação de diversas matérias-primas, teve um recuo de 10% em julho, a maior taxa desde setembro de 2011, após cair para o seu valor mais baixo em 13 anos nesta semana. “Nós estamos com uma grande preocupação com a China. O setor de grãos já tinha uma expectativa de queda esse ano, mas estamos sendo pegos de surpresa nesses últimos dias,” conta o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO) e vice-presidente institucional da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Bartolomeu Braz Pereira.

Ontem, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou o cancelamento da venda de 200 mil toneladas de soja para a China. No Brasil, o reflexo já é sentido nos preços do grão. Segundo o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, a queda de 17,5% das exportações de soja no primeiro semestre do ano em relação ao ano passado é motivada pelo baixo valor do produto no mercado.

“O preço da tonelada caiu de US$ 506 para US$ 387. Apesar de o Brasil ter exportado 4,2% mais soja, a receita caiu e o problema não é falta de demanda por produto, mas é o preço,” explica Sirimarco.

Exportações

Mesmo com a notícia do cancelamento chinês da compra de 200 mil toneladas dos Estados Unidos e com a mudança de postura do governo da China, que agora pretende priorizar o mercado interno, o presidente da Aprosoja-GO acredita que o Brasil vai continuar com as exportações para os orientais. “A soja é um dos últimos itens a ser cortado das exportações. A comida é sempre o último item,” ressalta Braz Pereira.

Opinião semelhante tem o presidente da SNA. Segundo Sirimarco, não existe preocupação em relação às exportações, mas sim sobre a queda dos preços e em relação a outros produtos. “A preocupação é com outros produtos como o algodão. Existe uma percepção do mercado que o governo chinês planeja mudar a sua política e, provavelmente, eles vão deixar de comprar do produtor com o preço maior. Isso pode afetar o preço dessas commodities.”

Preços baixos

A crise chinesa também tem refletido no algodão. Como a China não é o maior importador do produto brasileiro, o baixo preço das commodities pode acirrar a disputa pelo mercado chinês. “O algodão é o primo pobre das commodities. Ele já está sofrendo com o preço baixo e vai ter muita competição, porque o algodão do Brasil não é o player principal como é a soja,” afirma o presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Luiz Renato Zapparoli.

Já os produtores de soja devem disputar o mercado chinês apenas com os Estados Unidos e Argentina. Mas, a dependência da China é vista como desvantagem no atual cenário econômico. “A soja não pode ficar dependente de um só país porque, se ele tiver problemas econômicos, ele vai atrapalhar todo o setor,” avalia Braz Pereira.

 

O HOJE

 

Fonte: O Hoje

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp