Maior produtor de algodão do Brasil até o início de década de 1990, o Estado do Paraná teve sua área plantada drasticamente reduzida, até quase o desaparecimento da cultura, como consequência de uma série de fatores, como baixos preços, surgimento do bicudo e outras pragas e doenças. Agora, um projeto capitaneado pela Acopar – Associação dos Cotonicultores Paranaenses, com apoio financeiro do IBA – Instituto Brasileiro do Algodão, está analisando a real viabilidade de retomar esse plantio, sobretudo nas regiões Norte e Noroeste do Estado.
O projeto, iniciado em janeiro deste ano e que será executado até dezembro de 2017 (o que equivale a três safras), está sendo implantado em pequenas áreas, de 2,4 hectares, e avalia o plantio do modelo “algodão safrinha” nas condições edafoclimáticas do Paraná, usando tecnologias de ponta, como sementes transgênicas e colheitadeiras mecanizadas, em um modelo de produção extremamente mais avançado do que o usado no passado no Estado.
“Apesar de estarmos muito no início do projeto, e do foco ser o estudo da viabilidade de se retomar o plantio, a iniciativa está tendo uma receptividade impressionante”, diz Almir Montecelli, presidente da Acopar, referindo-se às mais de 130 pessoas que compareceram nas duas reuniões técnicas realizadas dias 26 e 28 de maio, na Algodoeira TAJI, de Santa Amélia, e na Estação Experimental da Coodetec/Integrada, em Goioerê. “Não era dia de campo; apenas uma reunião técnica. Mas, mesmo assim, muitos produtores rurais marcaram presença”.
A viabilidade do cultivo do algodão no Estado está sendo estudada com o plantio safrinha em rotação com a soja e o trigo. Nesta safra foram implantadas sete unidades demonstrativas com 18 variedades. Presente ao evento em Goierê, a Abrapa constatou que os produtores demonstraram grande interesse em cultivar o algodão no Estado, sobretudo pelo baixo custo com o controle de pragas e doenças e a sua alta rentabilidade. Inclusive, a maioria dos produtores presentes na reunião técnica já cultivou algodão no passado, e manifestou interesse em plantar novamente, mas com a tecnologia adequada.
A retomada do plantio poderá atender o parque têxtil paranaense, que demanda cerca de 60 mil toneladas de pluma por ano, a maioria adquirida do cerrado do Brasil. De acordo com estudo da Acopar, existem ao menos 10 fiações e sete tecelagens operando no Estado, sendo que três delas são vinculadas à Cooperativa Integrada e à Coagel/Coamo. “Para suprir esse consumo o Paraná precisaria plantar pelo menos 50 mil hectares de algodão”, analisa Almir Montecelli. Também existem inúmeras algodoeiras desativadas na região que poderiam atender os produtores, sendo necessária a aquisição de colheitadeira de algodão para prestar serviços aos produtores de forma organizada, evitando-se a colheita manual.
Dado o interesse dos produtores, está sendo programada a realização de um dia de campo, em julho. No entanto, a decisão sobre o retorno do cultivo do algodão no Estado depende da implantação de dez unidades demonstrativas para a próxima safra, conforme previsto no projeto.
Fonte: Agrolink