O ano de 2015 realmente está mostrando que não será nada fácil para os governos em geral e, consequentemente, para a população. Depois de virar 2014 com crescimento zero, agora a economia deu sinais de que vai de mal a pior ao registrar queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), no primeiro trimestre deste ano. Se comparado a igual período anterior, a redução é ainda maior: -1,6%. Os dados foram divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Com cenário desfavorecido, o agronegócio brasileiro continua, mesmo com todos os seus gargalos, sustentando a economia do País. Prova disso foi o anúncio do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2015/16, no dia 2 de junho, que em média foi incrementado em 20%, surpreendendo especialistas que não estavam muito otimistas quanto aos valores anunciados. O governo foi sensato ao optar por não mexer na atual mola propulsora da economia nacional.
De acordo com o IBGE, no total, a agropecuária somou R$ 79,6 bilhões ao PIB de janeiro a março de 2015. Ao contrário dos demais segmentos da economia, a agropecuária registrou alta de 4,7% em comparação ao primeiro no trimestre de 2014 e de 4% em relação a igual período do ano anterior.
Responsável por quase 60% do PIB do País, o setor de serviços, ao lado da indústria, foi o principal responsável pelo resultado negativo do Produto Interno Bruto. Isto porque o consumo das famílias brasileiras registrou o pior desempenho desde o último trimestre de 2008, quando o saldo foi negativo (- 2,1%). Em 2015, a queda foi de 1,5%.
Na avaliação do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Fernando Pimentel, embora os preços internacionais das commodities tenham caído, particularmente os de soja e milho, a desvalorização do real favoreceu os preços no mercado interno.
“O mercado de carnes também ajudou com preços mais firmes. Da mesma forma que 2008, o segmento do agronegócio mostra pujança e resiliência às crises.”
Para ele, apesar da performance comparativamente melhor em relação aos outros segmentos importantes da economia, a agricultura é uma atividade intensiva de capital e necessita do crédito do sistema financeiro e dos fornecedores de produtos.
“Esse é um ponto importante que pode ameaçar a performance da agricultura no biênio 2015/16. Recentemente foi anunciado o PAP com um aumento previsto de mais ou menos 20% nas linhas de crédito, mas isso deve chegar logo ao campo, pois já estamos atrasados na comercialização dos insumos para a safra verão.”
Outro ponto a ser observado, segundo Pimentel, é a questão dos preços dos insumos, que devem onerar a safra de 2016, considerando que, em sua maioria, são cotados em USD – sigla para United States Dollar, que significa dólar dos Estados Unidos.
“Embora exista uma contrapartida cambial nos preços agrícolas para as culturas de exportação, os preços internacionais seguem caindo e uma eventual safra normal no Hemisfério Norte pode obrigar os produtores brasileiros a reduzir o investimento em tecnologia e ampliação de área para a próxima safra”, alerta o diretor da SNA.
PREVISÃO
Conforme previsão do IBC-Br, indicador do Banco Central que antecipa o PIB, a economia poderia ter recuado 0,81% de janeiro a março deste ano, sinal de que o desempenho da economia, embora ruim, não foi tão grave quanto se esperava.
Mesmo assim, o IBC-Br continua prevendo dias mais conturbados, apontando para uma provável recessão, impactando na queda da produção nacional, da renda familiar nas taxas de lucratividade, mais desemprego, entre outros.
Especialistas preveem que o ano de 2015 deve ser encerrado com uma queda de 1,24% no PIB, o que poderia ser o pior desempenho da economia brasileiro nos últimos 25 anos, quando em 1999 registrou baixa de 4,35%.
Por equipe SNA/RJ