O Vale do Rio São Francisco, em Minas Gerais, é um dos principais polos produtores de tilápia em tanques-redes do Brasil. No ano passado, o entorno do Lago de Três Marias, na região Central do Estado, produziu 6,7 mil toneladas do pescado e gerou uma receita de aproximadamente R$ 38 milhões no período, de acordo com os dados do governo federal.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG), que presta assistência técnica na região do entorno do lago (nos municípios de Felixlândia, Abaeté, Paineiras, Três Marias, Pompeu, Morada Nova de Minas, São Gonçalo do Abaeté e Biquinhas), em 2014 mais de 150 produtores receberam orientação dos técnicos da entidade.
O apoio do órgão é direcionado a produtores individualizados, grupos familiares e organizados por meio de associações, e inclui orientação sobre legalização da atividade, assistência técnica e produção, informa Carlos Augusto de Carvalho, técnico da Emater-MG.
Ele relata que a criação de tilápia é responsável por cerca de 260 empregos diretos e quase 1.250 indiretos na região. A todo, são 5.765 tanques-rede de diversos tamanhos distribuídos em 74 pisciculturas e 169 piscicultores. “No entanto, a produção é aquém da demanda”, afirma.
TANQUES
A criação é realizada em tanques de metal instalados dentro do rio, onde os peixes ficam confinados até o fim da engorda.
“A criação de tilápia em tanques redes corresponde a duas fases: a recria e a engorda. Durante a recria, que dura cerca de dois meses, os peixes são alimentados com ração e plâncton. Após 60 dias, na etapa de engorda, que dura seis meses, os peixes recebem alimentação especial para atingir cerca de 800 gramas, peso ideal para abate”, detalha José Eduardo Aracena Rasguido, coordenador Técnico Regional da Emater–MG.
Ele aponta vantagens na produção de tilápias em tanques redes. “Com facilidade de criação e lucratividade, a tilápia possui forte demanda. Além disso, o ciclo de criação é curto e o custo relativamente baixo”, analisa.
Rasguido ressalta também que a criação pode ser feita a partir de oito tanques. “As unidades pequenas, com capacidade de produção de 600 quilos, demanda investimento de aproximadamente R$ 2,5 mil por tanque. O custo de produção é de cerca de R$ 3,50 por quilo e o produto é comercializado por R$ 5,50/kg, em média, o que significa uma margem de lucro de R$ 2,00/kg”, calcula Rasguido.
O custo do alevino na região é de R$ 140,00 o milheiro. “São necessários 974 alevinos para povoar cada tanque, um por mês, o que significa 7.792 alevinos para um projeto básico de 8 tanques”, calcula Carvalho. Segundo o técnico da Emater-MG, os alevinos são adquiridos na região de Morada Nova de Minas, de dois fornecedores idôneos.
ARTESANAL
A atividade também exige pouca mão de obra. Uma pessoa é suficiente para conduzir um projeto básico de oito tanques. Mas geralmente o próprio piscicultor realiza o abate e beneficia o peixe, de forma artesanal. A comercialização é realizada direto com os compradores, na própria região, forma de filé, posta, bolinhos, iscas, etc.
“O retorno é rápido. Seguindo as recomendações técnicas, ocorre em cerca de oito meses, a partir do momento da colocação dos alevinos, diminuindo ou aumentando em função da temperatura local”, informa Carvalho.
Por equipe SNA/SP