As técnicas para o estabelecimento da planta forrageira em sistema de integração lavoura-pecuária para utilização do boi safrinha serão discutidas durante o 5º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, que a Embrapa e o Sistema Famato/Senar promovem no próximo dia 27, em Sinop (MT).
Em uma das cinco estações de campo, o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Alexandre Ferreira e o consultor Marcelo Volf irão mostraram diferentes opções de formação da pastagem pós-lavoura. Entre as novidades está a adoção da sobressemeadura de braquiária após a formação dos grãos de soja. O sistema vem sendo utilizado com sucesso em regiões como o Vale do Araguaia e do Xingu.
De acordo com Marcelo Volf, quando a lavoura está em R 5.5, fase em que os grão já estão formados e a planta começa a amarelar, as sementes da forrageira são lançadas na área utilizando-se um avião.
“Com a sobressemeadura ganhamos de 25 a 30 dias em relação ao plantio direto após a colheita da soja. Quando o produtor está colhendo a soja, a planta da braquiária já está começando a perfilhar”, explica Volf.
O consultor explica que em regiões com menor intensidade de chuva, como o Vale do Araguaia, asobressemeadura deve ser feita até o dia 25 de fevereiro para que a pastagem seja bem formada. Entretanto, devido ao custo operacional, a técnica não é recomendada quando a forrageira é usada apenas como cobertura de solo e formação de palhada.
“A rentabilidade do boi safrinha compensa os gastos, uma vez que a receita da pecuária é muito maior do que a do milho safrinha”, exemplifica o consultor.
Já para regiões onde o período chuvoso é mais longo e o milho é a tradicional cultura de segunda safra, o consórcio de milho com braquiária é outra alternativa para formação de pastagem.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Alexandre Ferreira, esse consórcio pode ter como finalidade a cobertura do solo e a formação de palhada para lavoura do ano seguinte, ou a formação de pastagem para sistema agropastoril.
Nesse caso, a semente de forrageira pode ser semeada simultaneamente ao milho em plantio direto ou a lanço após a germinação do milho.
“Não há uma receita pronta para o consórcio. Existem muitos detalhes que devem ser ajustados na propriedade, como espaçamento, quantidade de semente, tipo de forrageira, forma de plantio, etc. São detalhes que farão diferença no sucesso da implantação”, explica Alexandre Ferreira.
No dia de campo também, além de informações sobre as técnicas, serão apresentados alguns resultados de pesquisas desenvolvidas em Mato Grosso com o consórcio de milho com braquiária.
“Temos resultados obtidos aqui em Mato Grosso que mostram que você não tem perda de produtividade no milho dependendo da densidade de forrageira utilizada no sistema”, informa o pesquisador.
Integração lavoura-pecuária
Nos últimos anos a demanda por sistemas agropastoris tem crescido em Mato Grosso, sobretudo como estratégia de recuperação de pastagens degradadas. De acordo com pesquisa desenvolvida em 2013 peladoutoranda da Universidade de Hohenheim Juliana Gil, em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril e com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado possui cerca de 450 mil hectares de integração lavoura-pecuária. O valor representa 89% de toda a área com algum tipo de sistema integrado de produção.
Dia de campo
O 5º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária terá um circuito de cinco estações, que também abordarão o pastejo do boi safrinha; a nutrição de ruminantes e as emissões de metano; o feijão-caupi e o sorgo como opções nos sistemas produtivos; e as linhas de financiamento do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono).
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas antecipadamente até o dia 26, no site www.embrapa.br/
Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril