Congresso da SNA debate avanços nas cadeias produtivas do agronegócio

O segundo dia do 12º Congresso de Agribusiness da Sociedade Nacional de Agricultura foi dedicado às principais cadeias do agronegócio. Dentro da cadeia de grãos, Fernando Pimentel, presidente da Agrosecurity Consultoria & Marketing, afirmou que o país obteve recentemente duas safras muito bem sucedidas. “Vivemos uma prosperidade única no agronegócio” – declarou, comemorando a rentabilidade da safra de milho, considerada a maior da história do país – principalmente na região Centro-Oeste, que chegou a atingir mais de R$ 1.000 por hectare. Porém, ressaltou que problemas de logística ainda penalizam a rentabilidade no campo, e defendeu mais investimentos em hidrovias e ferrovias.

André Pessoa, sócio-diretor da Agroconsult, traçou as perspectivas para os mercados agrícolas em 2011 e 2012. O diretor considerou 2011 um ano bastante incomum para o setor pelo fato de apresentar boa produção, alta rentabilidade e preços elevados. “A safra da soja atingiu produtividade recorde de 75 milhões de toneladas” – destacou, fazendo depois uma comparação com a demanda da China de 72,5 milhões de toneladas, representando quase a totalidade da oferta brasileira. Quanto aos Estados Unidos, disse que as previsões não são favoráveis, devido às condições climáticas. “A próxima safra será de 89 milhões de toneladas de grãos, com produtividade menor, em um índice abaixo do nível de consumo”. No Brasil, André antecipou que a safra de soja em  2011/2012 vai ocupar 25 milhões de hectares, sendo que 500 mil hectares serão cedidos a outras culturas, como o milho e o algodão. “No caso do milho”, declarou, “o país irá exportar 7,5 milhões de toneladas”.

Em seguida, Amado de Oliveira Filho, consultor da Federação de Agricultura de Mato Grosso (FAMATO), fez uma demonstração das principais culturas do agronegócio, com foco na produção primária de milho, soja e trigo, e nas projeções para o aumento da produção até 2021.

Segundo o consultor, “a discussão da área e produção ocupada pelas culturas selecionadas permite também afirmar e comprovar a sustentabilidade da produção agrícola, já que o crescimento se dará mais por aumento de produtividade que por expansão de novas áreas no processo produtivo”.  Amado afirmou ainda que “a produção agrícola brasileira já é consumida internamente, e este consumo poderá chegar a 70% no decorrer da safra agrícola de 2020/2021”.

Por fim, o palestrante debateu as incertezas e riscos no setor, citando como ameaças a recessão mundial, o aumento do grau de protecionismo nos países importadores, o controle dos preços das commodities por mercados externos, e as severas mudanças climáticas.

Guilherme Braga Abreu Filho, presidente do Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro e diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ)

Para analisar a cadeia do café, Guilherme Braga Abreu Filho, presidente do Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro e diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), informou que o país atravessa seu melhor momento na produção cafeeira, desde seu início, em 1827. “Este ano foram 48 milhões de sacas. O Brasil tem 9,7% de participação no total da balança do Agronegócio e 35% de participação no mercado dos países exportadores. Em 2011 o total exportado foi de R$ 8, 4 bilhões – destacou Guilherme Braga, que explicou o funcionamento da cadeia produtiva do café, também chamando a atenção para o total de áreas ocupadas: “Minas tem 50% da área de produção, com 1.138.218 hectares. O Oeste da Bahia detém a tecnologia mais moderna. O café arábica engloba 1.292.240 hectares, e o conillon 395. 507 hectares. Em se tratando de consumo interno, são 1.013.500 toneladas, o que equivale a 20.270.000 sacas. “As perspectivas para os próximos anos são favoráveis, e o preço demonstra tendência de alta” – finalizou o presidente do CECAFÉ.

No âmbito da  cadeia produtiva do leite e derivados, Wilson Zanatta, co-presidente do Conselho da LBR Lácteos do Brasil,  falou sobre sua empresa, que é considerada a maior companhia privada de produtos lácteos do país, com 30 unidades de fábricas e faturamento anual de R$ 3 bilhões ao ano. “Queremos ser indutores do desenvolvimento sustentável do setor de leite e derivados, investindo em tecnologia, qualidade de produtos e gestão” – declarou Zanatta, que assinalou a posição do Brasil como o quinto maior produtor de leite do mundo, sendo o país que mais cresce atualmente neste mercado, com o segundo maior rebanho a nível global, totalizando 18.850.000 vacas ordenhadas.

Em relação ao produtor, Zanatta informou que a LBR trabalha para obter linhas de crédito e programas de gestão durante a atividade produtiva, mas reconhece que falta “maior interação entre quem compra e quem produz”. O empresário disse ainda que “o país deve entrar na rota da moderna tecnologia”, e criticou a falta de centros de pesquisa para avaliar a qualidade do leite. Por outro lado, avaliou que “os sistemas de inspeção no Brasil são bastante confiáveis.”

Debates sobre produção de carnes, madeira, hortifrutigranjeiros e orgânicos finalizaram o último dia do 12º Congresso de Agribusiness da Sociedade Nacional de Agricultura, no auditório da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Sylvia Wachsner, diretora técnica da SNA

Na área de orgânicos, a diretora técnica da SNA, Sylvia Wachsner, alertou para o surgimento um novo problema: o abastecimento do açúcar orgânico no mercado nacional pode estar comprometido. De acordo com a diretora, uma substância presente neste produto – o éster de sacarose – que pode ser utilizada para exportação, mas não no mercado interno, ainda não consta nas instruções normativas do Ministério da Agricultura, que regulam o setor orgânico e que começaram a vigorar no início desse ano. “Com isso,não só o açúcar em si, mas todos os produtos orgânicos que levam açúcar, poderiam ser afetados por esse corte, prejudicando todos os fornecedores da cadeia orgânica” – advertiu a coordenadora do projeto OrganicsNet.

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