Os efeitos sazonais das safras de grãos, a influência das bolsas internacionais e os reflexos da oferta e da demanda mundial, especialmente no café, fizeram com que as principais commodities agrícolas negociadas na BM&F Bovespa seguissem caminhos opostos em abril. Segundo levantamento do Valor Data, os preços médios mensais dos contratos de segunda posição – geralmente os de maior liquidez – do milho e do café mantiveram a trajetória positiva, enquanto a soja acentuou a queda já registrada há alguns meses. No caso do boi gordo, a cotação da arroba se manteve praticamente estável em comparação com março.
Os preços do café na BM&F estão muito próximos de completar um ano de altas consecutivas. Em abril, a commodity registrou a décima primeira alta mensal na BM&F, ainda sob os efeitos de um crescente consumo, mundial e doméstico, aliado ao fato de a oferta não estar acompanhando o mesmo ritmo de crescimento.
O consumo de café tem crescido em um ritmo superior ao do aumento da produção. Com isso, o mercado tem consumido os estoques mundiais, que segundo a Organização Internacional do Café (OIC) são de 13 milhões de sacas nos países exportadores e de 18,3 milhões nos importadores.
Assim como o café, o milho segue sua trajetória de alta ainda apoiado no elevado patamar em que o cereal se encontra na bolsa de Chicago. Mesmo com a grande safra colhida no Brasil, o milho passou a seguir de perto as cotações internacionais devido ao aumento das exportações. Com problemas climáticos nos Estados Unidos, as cotações em Chicago já acumulam valorização de 27% no ano e oferecem um grande apoio ao produto no mercado interno.
Ainda pouco influenciada pelo mercado climático, a soja, nos Estados Unidos, segue em alta, mas não apresenta, como o milho, um suporte aos preços do grão negociados no mercado doméstico. Na BM&F, as cotações mantiveram em abril a tendência de queda que é observada desde fevereiro, quando a colheita passou a ser mais intensa. Com as seguidas quedas, a soja é a única commodity agrícola negociada na bolsa que acumula queda (1,3%) em 2010.
Praticamente estável em abril, o preço do boi gordo ainda acumula ganhos no ano e nos últimos doze meses. O valor da arroba se estabilizou ao redor dos R$ 100, um dos maiores dos últimos dez anos, preço que parece não afastar a demanda pela proteína.
Fonte: Diário de Cuiabá