As crises hídrica e do setor sucroenergético são consideradas pelo novo secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, como as principais prioridades de sua gestão. O anúncio foi feito durante transmissão de cargo da agora ex-secretária da pasta Mônika Bergamaschi, no dia 8 de janeiro, para o atual gestor.
“Temos a maior seca dos últimos 80 anos e vamos mobilizar todos os órgãos e entidades para criar um programa de recuperação de nascentes e de fontes de água de São Paulo. Já o setor sucroenergético responde, hoje, por 34% do PIB (Produto Interno Bruto) agrícola do Estado. Estamos vendo o setor definhar e todo o entorno deste setor sofrer”, afirmou Jardim.
O novo secretário da Agricultura acentuou que a secretaria será porta-voz junto ao governo federal para solucionar problemas, como os enfrentados pelo setor sucroenergético.
“Neste momento, o que valem são os princípios e não as metas”, disse ele. Destacou ainda que é alarmante acompanhar o fechamento de 44 usinas e ver outras 33 em recuperação judicial, nas três últimas safras.
“A situação, além de provocar a perda de mais de 50 mil empregos nos últimos três anos, reduz a arrecadação, levando à falência a indústria de máquinas e equipamentos por falta de encomendas. Na indústria de base, a perda de postos de trabalho já supera a casa dos 100 mil desde 2011. Além disso, os produtores de cana-de-açúcar da região Centro-Sul ainda sofreram o impacto da forte estiagem que atingiu a região”, discursou.
IMPORTÂNCIA DE SP
Em seu primeiro discurso como secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, ele colocou a satisfação de integrar o governo Geraldo Alckmin, enfatizou a importância da agricultura para o Estado e falou sobre a necessidade de políticas públicas estáveis, de segurança jurídica e de previsibilidade nos parâmetros econômicos para o pleno desenvolvimento do setor.
“São Paulo é o maior produtor de açúcar e etanol, de borracha natural e de laranja, além de grande produtor de café, madeira de reflorestamento, flores ornamentais, ovos, frutas, frangos e suínos, e ainda tem posição destacada na exportação de carne e genética bovinas”, enumerou o secretário, que anunciou seu desejo de ampliar alianças econômicas com o governo federal.
“Temos parcerias importantes com a Embrapa [Empresa de Pesquisa Brasileira Agropecuária] e queremos fortalecer isso, algo que nós já temos com alguns órgãos do governo federal. Então, nós vamos buscar um trabalho muito próspero”, afirmou.
Ele ressaltou que a questão do abastecimento estará entre os destaques da sua gestão, pois prentede que a pasta recupere, de uma forma mais acentuada, sua vertente de abastecimento.
“Nós estamos conversando com o governador (de São Paulo) para que programas, como o Bom Prato e o Viva Leite, que hoje estão com outros órgãos do Estado, sejam feitos de uma forma integrada com a Secretaria de Agricultura. Nós temos hoje centros de compras, feiras de orgânicos, tudo isso será fortalecido. Então, sobre a vertente alimentação e segurança alimentar haverá uma concentração de esforços aqui da secretaria”, assegurou.
ESTRUTURA
Sobre a estrutura da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), Jardim destacou a importância de repor o quadro de colaboradores e da integração do trabalho.
“Nós sabemos que a secretaria perdeu fôlego recentemente, porém já há demanda por novos concursos públicos. Tratei disso pessoalmente com o governador. Vamos buscar melhores condições de trabalho, mas nós vamos cobrar contrapartida. Há muitas vezes uma multiplicidade de esforços e temos que ajustar isso, fazer um esforço para a integração das equipes.”
“Destaco que a secretaria deve reforçar o cooperativismo e os valores que incluem a participação democrática, a solidariedade, a independência e a autonomia. O cooperativismo já demonstrou sua capacidade de enfrentar os desafios econômicos, urbanos e rurais brasileiros, com as ferramentas da produtividade, competitividade e responsabilidade social”, afirmou Jardim.
HOMENAGEM
Quando iniciou seu discurso, o novo secretário da SAA pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do jornal francês Charlie Hebdo, cuja sede foi alvo de ataque de terrorista da Al Qaeda, no último dia 7 de janeiro.
“Ontem (7 de janeiro), o mundo assistiu a mais um ato de intolerância. Como nós achávamos que isso era mais uma página virada da história, mais uma vez isso se manifestou. Por essa intolerância que está hoje em todas as manchetes de jornais, se desdobra muitas vezes pela incapacidade de diálogo, quando as pessoas se consideram donas da verdade, quando as pessoas que, apesar de toda evolução da humanidade, ainda acham que o Estado enquadra e submete a sociedade.”
Continuou: “Queria convidar todos nós, aqui presentes, para que de pé, para um minuto de silencia para podermos homenagear as vítimas e manifestar a nossa discordância com a intolerância como uma marca de relacionamento contra as pessoas”, discursou Jardim.
DESPEDIDA
Em seu discurso de despedida, a ex-secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo Mônika Bergamaschi reconheceu a gravidade das crises hídrica e do setor sucroenergértico no Estado e ainda falou sobre o empenho para superar estes, entre outros desafios.
“Fizemos tudo que foi possível fazer com as ferramentas que nos foram entregues, inclusive com outras, pelo empenho, determinação e envolvimento de muitos. Não conseguimos evitar os danos da maior crise hídrica da história, não conseguimos evitar a crise da citricultura, a crise do setor sucroenergético causadas por questões que são alheias às convivências dessa secretaria e do próprio governo do Estado”, disse Mônika.
“Também não conseguimos recompor o nosso bem mais precioso, o nosso corpo de servidores, por mais que tenham sido os esforços. No entanto, secretário Arnaldo Jardim, tenho certeza que o início da sua missão será brindado com uma boa notícia, uma vez que o nosso governador, muito sensível, já tenha sinalizado nesse sentido”, afirmou.
Mônika agradeceu à sua equipe destacando que, graças aos seus profissionais, “conseguimos manter 1.420 linhas de pesquisas em andamento, mais de mil cultivares lançados, processos, tecnologias e inovações”.
Lembrou ainda dos resultados obtidos por meio do Programa Integra São Paulo, da recomposição de grandes erosões, da recuperação de pastagens, do melhoramento genético, do Poupa Tempo do Produtor Rural , da renegociação de dívidas, que permitiu a volta ao setor produtivo de milhares de agricultores.
“Buscamos materializar, retratar, qualificar e quantificar o trabalho feito pela secretaria, no período de 2011 a 2014”, afirmou Mônika, ao destacar o lançamento, durante a solenidade, do Relatório de Sustentabilidade. “Pela primeira vez, na história do governo do Estado de São Paulo, uma Ssecretaria elabora um relatório dessa natureza, com base nas diretrizes do GRI (Global Initiative Report)”, salientou.
Ao finalizar seu discurso de despedida, a ex-secretária disse que o “trabalho realizado por esta importante secretaria é que faz com que São Paulo, com apenas 3% do território brasileiro, abriga um mosaico de 325 mil propriedades rurais, com uma média inferior a 60 hectares, portanto, propriedades pequenas, seja líder em cana de açúcar, açúcar, etanol, em bieletricidade, em laranja, suco de laranja, em borracha natural, flores, cogumelos, respondendo nada menos por 20% das exportações do agro do Brasil”.
TRANSMISSÃO DE CARGO
A solenidade de transmissão de cargo ocorreu no Salão Nobre da Secretaria de Agricultura de Abastecimento, que ficou pequeno diante do público presente. Cerca de 700 pessoas, muitas vindas de várias regiões do interior paulista, compareceram à solenidade.
Segundo o cerimonial da SAA, marcaram presença o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação e vice-governador, Márcio França, que representou o governador Geraldo Alckmin; a secretária do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias Lemos; o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido e o secretário de Energia, João Carlos de Souza Meireles.
Participaram ainda representantes do agronegócio paulista e brasileiro, como o ex-ministro Roberto Rodrigues; presidentes de Câmaras Setoriais; a presidente da Unica, Elizabeth Farina; o presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Luiz Carlos Corrêa Carvalho; o presidente da ABC (Associação Brasileira dos Criadores), Luis Alberto Moreira Ferreira; o presidente da Datagro, Plínio Nastari; o superintendente do governo de São Paulo, Evaldo Estevão Fabiano Borges; e o presidente da Codasp (Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo), Jairo de Almeida Machado Júnior.
O Sistema OCB (Organização de Cooperativas do Brasil) foi representado por Américo Utumi e Júlio Gushiken, ambos da Ocesp; o vice-presidente do UGT e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Abastecimento, Enilson Simões de Moura (Alemão); o diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Mário Sérgio Cutait; o presidente da Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo), Braz Albertini; o presidente da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), Antonio Salibe; representantes da Embrapa, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), representantes Fecomercio (Federação do Comércio) e do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), entre outros.
Prefeito de Campinas, Jonas Donizeti foi convidado a discursar em nome de todos os prefeitos presentes na cerimônia. Também participaram da solenidade os deputados federais Roberto Freire, Walter Hioshi, Alex Manente, Mendes Thame e Fausto Pinato. Ainda prestigiaram o evento os deputados federais dos Estados de Paraná e Ceará, Rubens Bueno e Danilo Forte. Entre os estaduais, pariciparam: Barros Munhoz, Davi Zaia, Roberto Morais, Marcos Zerbini, Gilson de Souza, Fernando Cury, Hélio Nishimoto, Campos Machado, Welson Gasparini, Dilador Borges e Vitor Sapienza, além do vereador do município de São Paulo, Andrea Matarazzo.
Por equipe SNA/SP