Impostos e redução do parque industrial dificultam exportação de produtos com valor agregado

A indústria nacional de óleo de soja vem abdicando de sua participação no comércio externo e direcionando uma parcela mais significativa da produção para o mercado doméstico", diz diretor da SNA Helio Sirimarco. Foto? Divulgação SNA
A indústria nacional de óleo de soja vem abdicando de sua participação no comércio externo e direcionando uma parcela mais significativa da produção para o mercado doméstico”, diz diretor da SNA Helio Sirimarco. Foto: Divulgação SNA

Hoje em dia fala-se muito nas oportunidades e vantagens que o Brasil pode ter com a exportação de produtos com valor agregado. Segundo especialistas, o país ganharia mais com a venda, para o exterior, de produtos diferenciados com marca própria, ao invés de continuar a ser um mero exportador de commodities.

O certo é que o Brasil já experimentou esse caminho, mas atualmente precisa superar alguns entraves. “Nós já exportamos produtos com valor agregado. Nos anos 80, éramos grandes exportadores de farelo e óleo de soja. A indústria nacional de óleo de soja vem abdicando de sua participação no comércio externo e direcionando uma parcela mais significativa da produção para o mercado doméstico. Na última década, as exportações brasileiras do produto caíram à metade, pressionadas por entraves tributários, pela concorrência global de outros óleos vegetais e, especialmente pela maior demanda por biodiesel no País”, explica Helio Sirimarco, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura.

Outro problema apontado por Sirimarco é a redução do parque da indústria moageira, que acaba por beneficiar a predominância de multinacionais. Em recente artigo, Cesar Borges de Souza, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), afirmou que, “a despeito dos inegáveis avanços que a agricultura brasileira registra em termos de produção e comercialização de matérias-primas, o fato é que o campo atravessa um contínuo e crescente processo de commoditização, provocado pela desindustrialização, que resulta, em médio e longo prazos, na consolidação do país como provedor mundial de produtos de baixo valor agregado”.

DEPENDÊNCIA

Para o diretor da SNA, a exportação de matérias primas coloca o Brasil em uma posição vulnerável. “Nós nos concentramos em determinados mercados, como é o caso da China, para a soja, e o minério de ferro, principais produtos da nossa pauta de exportações”. Em concordância com Sirimarco, Borges chama a atenção para “o risco de fomentar essa temerária ‘China-dependência’, com a preocupante concentração de nossas exportações de soja para o país asiático”.

O presidente da Abange afirma ainda que o Brasil deixou escapar por entre os dedos, nos últimos 20 anos, uma verdadeira fortuna, estimada em mais de US$ 30 bilhões, para nossos vizinhos argentinos, em participação de mercado de óleo e farelo de soja”. Segundo ele, diferentemente da Argentina, “o Brasil pratica uma política fiscal que incentiva a produção de matérias-primas, em detrimento do processamento e da exportação de produtos industrializados, de maior valor agregado”.

Por equipe SNA/RJ

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