Algodão: manejo adequado de herbicidas previne e controla plantas daninhas resistentes

“É importante frisar que não se criam plantas daninhas resistentes a herbicidas, contudo, o uso sucessivo de um mesmo herbicida ou herbicidas de mesmo mecanismo de ação acaba por selecionar as plantas resistentes, que já ocorrem naturalmente na população de plantas”, alerta Edson Andrade Junior, pesquisador do IMAmt. Foto: José Medeiros
“É importante frisar que não se criam plantas daninhas resistentes a herbicidas, contudo, o uso sucessivo de um mesmo herbicida ou herbicidas de mesmo mecanismo de ação acaba por selecionar as plantas resistentes, que já ocorrem naturalmente na população de plantas”, alerta Edson Andrade Junior, pesquisador do IMAmt. Foto: José Medeiros/Divulgação IMAmt

Manter práticas de prevenção e de controle de plantas daninhas resistentes aos herbicidas em áreas algodoeiras. Esta é a proposta de pesquisadores do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) sobre levantamento em Mato Grosso.

Assinada por Edson Andrade Junior (do IMAmt), Anderson Luís Cavernaghi (professor do Centro Universitário Várzea Grande – Univag) e Sebastião Carneiro Guimarães (professor da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT), a publicação traz informações sobre as principais plantas daninhas encontradas nas lavouras de algodão de todas as regiões produtoras do Estado.

Para o pesquisador, os herbicidas são importantes, principalmente quando existem poucas alternativas de manejo dessas plantas, como na cultura do algodão.

“Os herbicidas são uma ferramenta de extrema importância no manejo de plantas daninhas, senão a mais importante, uma vez que, além de eficientes, têm custo e rapidez maiores quando comparados a outros métodos, principalmente em lavouras de grandes áreas. Porém os mesmos devem ser utilizados de forma consciente, de acordo com a recomendação oficial do produto com relação à dose e às condições climáticas”, ressalta Andrade.

“É recomendado também realizar rotação de herbicidas (com diferentes mecanismos de ação) para evitar a seleção de plantas daninhas resistentes e, consequentemente, a perda na eficiência de controle.”

Conforme o especialista, o problema da resistência das plantas daninhas pode ser agravado caso haja a ocorrência de resistência múltipla, que ocorre quando estas se tornam resistentes a dois ou mais mecanismo de ação de herbicidas. Por isso, a prevenção é melhor arma contra o problema.

“É importante frisar que não se criam plantas daninhas resistentes a herbicidas, contudo, o uso sucessivo de um mesmo herbicida ou herbicidas de mesmo mecanismo de ação acaba por selecionar as plantas resistentes, que já ocorrem naturalmente na população de plantas”, alerta.

“Agindo dessa forma, o produtor consegue controlar apenas as plantas daninhas suscetíveis. Porém, se ele fizer rotação de produtos, as plantas menos suscetíveis (ou resistentes) serão eliminadas por outro produto, mantendo assim a população em equilíbrio”, salienta o pesquisador.

APLICAÇÃO E EFEITO

Para ter uma ação preventiva na lavoura, o produtor rural deve ficar atento à aplicação e, consequentemente, ao efeito do herbicida na lavoura algodoeira.

“Há alguns pontos que podem ser observados, mas o principal é a sobra/presença de plantas daninhas na lavoura após a aplicação do herbicida. Deve ser observado o estádio das plantas para descartar a hipótese de uma reinfestação – ou seja as plantas terem emergido após a aplicação do herbicida.”

De acordo com Andrade, existem algumas características de áreas com presença de plantas daninhas resistentes: plantas da mesma espécie e estádio vivas e mortas, lado a lado; observar se outras espécies que são facilmente controladas pelo herbicida aplicado foram de fato controladas (para descartar a ocorrência de problemas na aplicação, como dose e condições climáticas desfavoráveis, entre outros); as áreas podem apresentar um padrão em reboleiras no campo (sendo mais densa no centro e com escapes em várias direções).

Quando o produtor percebe que o herbicida ou defensivo agrícola não está fazendo efeito, é comum que ele comece a aplicar doses mais altas do produto, salienta o pesquisador do IMAmt.

“No caso de plantas daninhas (herbicidas), isso é o que normalmente ocorre, porém não é o ideal, uma vez que o aumento da dose irá acelerar ainda mais o processo de seleção das plantas daninhas resistentes. O ideal é que seja feito o manejo com herbicidas de diferentes mecanismos de ação aplicados tanto em pré-emergência quanto em pós-emergência da cultura. Outro ponto que ajuda é uma boa dessecação antes do plantio da cultura.”

É exatamente isso que a Circular Técnica nº 10 do IMAmt traz: os resultados do levantamento de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas ocorrentes nos algodoais de Mato Grosso, realizado nos anos de 2012 e 2013. Foram avaliadas espécies das seguintes plantas daninhas: picão-preto, leiteiro, caruru, menstrato e capim pé-de-galinha.

VARIEDADES TRANSGÊNICAS

O especialista também aborda um problema que vem aparecendo com o advento das variedades transgênicas resistentes ao glyphosate, usadas tanto em áreas algodoeiras (mais recentemente) quanto em lavouras de soja e milho em rotação e/ou sucessão.

Conforme a Circular Técnica nº 10, “aplicações repetidas do mesmo ingrediente ativo ou de ingredientes ativos que tenham o mesmo sítio de ação têm sido o principal fator selecionador de plantas daninhas tolerantes ou resistentes”.

Os pesquisadores chamam atenção ainda para algumas plantas daninhas que poderão ser problema no futuro, como o capim pé-de-galinha, buva, capim amargoso, caruru e sorgo-de-alepo. Eles alertam que, também nesses casos, “prevenir é melhor que remediar, o que reforça a importância do monitoramento das áreas de lavouras”.

Mais informações sobre esse tema, de grande impacto na lucratividade das lavouras de algodão, podem ser encontradas na Circular Técnica nº 10 que está disponível para download pelo link: http://ow.ly/DuEGg.

Por equipe SNA/RJ

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