A Indústria Brasileira de Carne Bovina tem passado por grandes mudanças nos últimos anos que se expressam especialmente no grande crescimento e internacionalização da indústria de processamento.
De uma forma muito evidente desde meados da década dos 1990 a indústria brasileira de carne bovina ganhou competitividade em âmbito internacional vindo a se tornar inclusive o maior exportador mundial, detentor do maior rebanho bovino comercial do mundo, segundo maior produtor mundial.
O crescimento da bovinocultura de corte brasileira se alicerçou na conjunção das vantagens relativas que a produção primária desfrutava no país (excelentes condições climáticas, boa disponibilidade de terras por preços relativamente baixos, oferta abundante de mão de obra, tecnologia de produção adaptada as condições do país de ótima qualidade e produtores tradicionais e motivados para a produção), com uma grande e radical reorganização da indústria processadora que investiu agressivamente (com amplo apoio estatal) em profissionalização, tecnologia e expansão internacional.
O cenário internacional se mostrou também amplamente favorável ao crescimento da indústria brasileira de carne bovina, uma vez que neste período houve crescimento da demanda internacional ocasionada essencialmente pelo aumento da renda da população dos países em desenvolvimento e até dos menos desenvolvidos, além de um processo de intensa urbanização que favorece o crescimento do consumo de proteínas animais.
Ao mesmo tempo, países importantes no cenário internacional como exportadores de carne bovina enfrentaram problemas diversos de produção que os obrigaram a restringir a sua oferta no mercado internacional. Neste contexto, a Argentina enfrentou problemas políticos e econômicos que se associaram também a instabilidades climáticas diversas, os EUA convivem com problemas crescentes de oferta de mão-de-obra, custos crescentes de produção (dado o sistema de produção que adotam baseado na alimentação de bovinos com grãos) e surtos de doença da vaca louca, a Austrália convive com estiagens recorrentes muito severas, e a própria União Europeia perdeu totalmente a capacidade de concorrer no mercado mundial dado os altos custos de produção.
Com demanda internacional crescente e oferta limitada o Brasil se viu particularmente beneficiado e pode se estabelecer numa posição de liderança nas exportações que se associaram à grande demanda interna para construir uma indústria muito competitiva e eficiente.
Entretanto, nos últimos anos se observa uma crescente deterioração das condições de competitividade da bovinocultura de corte brasileira decorrente de uma forte pressão de custos, que por sua vez deriva de grande aumento do custo da mão de obra, importante valorização das terras, crescentes restrições ambientais, que leva a uma baixa rentabilidade da atividade.
Neste contexto o futuro da indústria brasileira de carne bovina parece estar totalmente dependente de um novo ciclo de transformação que leve a grandes ganhos de produtividade, que permitam ampliar a rentabilidade de toda a cadeia produtiva sem onerar demasiadamente os consumidores finais. Tecnologia para esta transformação existe e está totalmente disponível, mas constitui grande desafio capacitar recursos humanos e mobilizar recursos financeiros para empreender os investimentos necessários e gerir a atividade neste novo patamar tecnológico.
Fonte: Notícias Agrícolas