Cerca de 60 mil pecuaristas da cadeira leiteira do Estado de Goiás, o quinto do País neste tipo de produção, devem ser beneficiados com o lançamento do software PQL (Painel da Qualidade do Leite). A princípio, o projeto piloto está disponível gratuitamente para 380 licenças, mas a intenção é expandir até o ano que vem.
Neste início, somente integrantes do Arranjo Produtivo Local (APL) Lácteo de São Luís de Montes Belos, localizado no interior goiano, já têm acesso livre ao software, após assinarem um termo de adesão ao programa na Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Sectec).
De acordo com a Implanta IT, empresa desenvolvedora do aplicativo, mais de 52 indústrias do agribusiness e 102 usuários já testaram a nova solução tecnológica. O app avalia sete indicadores, entre eles teor de gordura, CBT (contaminação e sujeira), CSS (células somáticas que podem indicar doenças, como a mastite), além daqueles itens considerados importantes pela indústria em suas rotinas de manutenção do padrão de qualidade do produto.
“O Projeto Painel da Qualidade do Leite começou em Goiás como resultado de uma parceria da Implanta IT Solutions, que é uma empresa goiana de tecnologia da informação focada no agronegócio, com a Universidade Federal de Goiás (UFG), que é a gestora do LQL (Laboratório da Qualidade do Leite)”, informa Rômulo Prudente, diretor da Implanta IT.
O PQL foi desenvolvido em parceria com o LQL instalado no Centro de Pesquisa de Alimentos da Escola de Veterinária da UFG, em Goiânia, por meio de recursos captados junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás e à Financiadora de Estudos e Projetos, do governo federal (Fapeg/Finep).
Ele destaca que o LQL é um dos dez laboratórios da Rede Brasileira da Qualidade do Leite (RBQL) homologados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para realizar as análises laboratoriais de amostras da qualidade do leite de produtores que vendem para indústrias de laticínios, conforme a Instrução Normativa 62 (IN62), que regula a qualidade do produto no Brasil.
“Os demais laboratórios da RBQL serão abordados pela Implanta IT para formalizarmos a mesma parceria, a partir de 2015”, avisa Prudente.
Segundo o dirigente, o novo aplicativo é direcionado para dois públicos distintos: indústria e produtor rural.
“Disponibilizamos a solução PQL Indústrias, direcionada para as indústrias e cooperativas que compram e processam o leite in natura dos produtores rurais e que possuem papéis mais ativos no tratamento das informações disponibilizadas pelos laboratórios que realizam as análises.”
Já a solução PQL Produtor, informa Prudente, é direcionada para os produtores rurais com produções de todos os portes, ou seja, desde o muito pequeno até os grandes agronegócios.
“No caso das indústrias de laticínios, após a formalização do convênio com os laboratórios para o acesso ao banco de dados das análises realizadas, os próprios laboratórios, assim como LQL fez, podem disponibilizar o PQL Indústrias para as indústrias clientes.”
Prudente explica que, para os produtores rurais, após a formalização da parceria com o laboratório, a distribuição da solução PQL Produtor pode ser feita pelo governo estadual (como em Goiás) ou pelos laticínios e cooperativas, interessados em melhorar a qualidade do leite captado, ou ainda pelos laboratórios como prestação de serviços.
“Depois da distribuição, basta o usuário (indústria ou produtor) escolher uma das quatro formas de ter acesso aos dados: web, smartphones e tablets, torpedos SMS ou boletins mensais impressos.”
O APLICATIVO
“O software Painel da Qualidade do Leite é uma plataforma de informação da qualidade do leite que mistura os dados fornecidos pelos laboratórios com informações oriundas de uma base de conhecimento produzida pela Implanta através de pesquisas financiadas pela Fapeg/Finep e gera informações personalizadas para cada produtor usuário da solução com sugestões individuais de manejo na produção leiteira, visando o aumento de qualidade e comparação de indicadores (Benchmarking)”, detalha Prudente.
Segundo ele, para não existirem obstáculos que barrem qualquer pecuarista da cadeia leiteira, independentemente do seu porte, da tecnologia a que tem acesso ou, ainda, da cultura para acessar as informações produzidas, o PQL Produtor é distribuído no modelo de assinatura mensal, geralmente patrocinada pelo laboratório, indústria de laticínios ou governo, pelo qual o produtor pode escolher receber os dados através de portal web, app no smartphone/tablet, torpedos SMS (para celulares mais simples) ou ainda em boletins mensais impressos.
De acordo com o diretor da Implanta IT, em 2015 o app PQL será oferecido para outros laboratórios do País, a partir das parcerias eventualmente constituídas, com o intuito de atender aos produtores de leite de todos os Estados brasileiros.
SUPORTE TÉCNICO
Cada um dos dez laboratórios homologados tem de analisar, conforme determinações da IN62, pelo menos uma vez por mês (tem produtor que pede análise diária de cada vaca de seu rebanho, destaca Prudente), a amostra de leite de cada um dos produtores brasileiros que vende seu leite para indústrias. “Só em Goiás o LQL analisa 60 mil amostras de produtores de dez Estados do Brasil.”
O objetivo da análise é garantir que o leite consumido por toda a população tenha a qualidade mínima determinada pela IN62. Nestes laboratórios que contam com equipamentos de ponta e processos monitorados pelo Mapa, as amostras são avaliadas sob vários critérios e o laudo resultante é um documento importante, salienta o diretor da Implanta IT, no combate a fraudes e no acompanhamento da cadeia produtiva do leite.
“Todos os dados coletados são enviados para o Mapa, mas cada laboratório armazena seus dados coletados que são disponibilizados para as indústrias de laticínios que são as financiadoras das amostras. Estas indústrias deveriam repassar os dados obtidos para cada produtor como uma forma de educação continuada, algumas chegam inclusive a remunerar melhor os produtores com melhor qualidade do leite.”
De acordo com Prudente, hoje a velocidade de devolução da informação resultante não é suficiente para o produtor alterar seu manejo imediatamente após a detecção de anomalias no leite identificadas pelos laboratórios.
“É justamente neste ‘delay’ que a Implanta IT identificou uma oportunidade de atuação, pois, com o uso de tecnologia da informação agrupada com a base de conhecimento criada, a empresa garante que a informação relevante sobre a qualidade do leite, acrescida de sugestões de ação, cheguem ao produtor rural a tempo de impactar significativamente a qualidade final. Isso porque, além de mostrar a anomalia rapidamente, ainda sugere o que fazer. Assim a educação continuada para o produtor vai promover uma melhoria contínua na qualidade do leite brasileiro.”
Por equipe SNA/RJ