Mais soja no Matopiba

A produção brasileira de soja atingiu 86,6 milhões de toneladas na temporada 2013/14, com aumento de 6% em comparação à anterior. Apesar da queda de 2,4% na produtividade, de 2.861 kg/ha, em virtude de estiagem no transcorrer do desenvolvimento das lavouras, foi alcançado novo recorde na produção. A área totalizou 30,3 milhões de hectares, 8,6% maior que a colhida na safra passada, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A sojicultura é a atividade que ocupa a maior área, o equivalente a 45% dentre os cultivos de maior expressão e a par do padrão tecnológico que proporciona ganhos em produtividade seu crescimento tem se dado principalmente em novas áreas. Entre as culturas mais importantes – arroz, feijão, milho e cana-de-açúcar – foi a que mais cresceu na última década, em especial no Norte e no Nordeste, regiões que se consolidam como principais frentes de expansão agrícola.

O artigo tem por objetivo analisar o comportamento da área e da produção de soja por região e unidade da federação do Brasil, com ênfase na área denominada Matopiba. São realizadas comparações em termos percentuais para o período de 2009 a 2014 com dados elaborados pelo IBGE.

A mesorregião denominada Mapitoba ou Matopiba é localizada no perímetro que compreende o sul do Maranhão, o leste do Tocantins, o sudoeste do Piauí e o extremo oeste da Bahia. A predominância do bioma Cerrado com relevo propício à mecanização aliado às características do solo e ao regime favorável de chuvas constituem os principais fatores para o crescimento da produção de grãos.

O cultivo da soja no Brasil teve inicialmente por localização os Estados do Paraná e Rio Grande do Sul os quais concentraram a produção até a década de 1980. A consolidação nas áreas de Cerrado no Centro-Oeste consistiu a segunda fase de expansão, sob estratégia tecnológica que permitiu a eficiente adaptação da cultura ao bioma.

A análise das variações, em termos de região política, mostra que no período considerado a expansão mais acentuada ocorreu na Norte, com 121% em área e 119% na produção. Esse comportamento é atribuído ao cultivo da oleaginosa no Tocantins, maior produtor regional, onde os aumentos foram de 112% e de 108%, respectivamente (Figura 1).

 

Figura 1 – Variação Percentual da Área Colhida e da Produção de Soja, por Região e Principais Estados Produtores, 2009 a 2014.

A região Nordeste apresentou a segunda maior variação, de 66%, tanto em área quanto em produção. Dentre os Estados analisados, o Piauí foi o que mais se expandiu, na ordem de 127% e de 91%, respectivamente, enquanto no Maranhão as variações foram de 65% e de 55%. Na Bahia a cultura cresceu 48% e 64%, respectivamente. Em 2013/14 os estados que compõem o Matopiba responderam por 10% da produção nacional.

No Centro-Oeste, os aumentos foram de 41% e de 44% em função, principalmente, do Mato Grosso, onde as variações no cultivo foram de 47% tanto em área quanto em produção.

Na região Sul a área de soja foi expandida em 28% e a produção em 60%. No Paraná as variações foram de 23% e 57% e no Rio Grande do Sul alcançaram 30% e 63%, respectivamente, o que demonstra aumento de produtividade mais significativo comparativamente a outras regiões.

No âmbito do sistema agroindustrial também é crescente a instalação de unidades processadoras no Matopiba, visto que a capacidade instalada da indústria de óleos nos estados que compõem a mesorregião passou de 7,2 mil toneladas para 10,8 mil toneladas por dia entre 2003 e 2013. Nesse segmento, a exemplo da produção agrícola, o Centro-Oeste detém a maior escala, com 70,8 mil toneladas/dia.

Os investimentos industriais em localidades próximas à produção agrícola consistem estratégia de acesso à matéria-prima, uma vez que o óleo bruto e o farelo são commodities que exigem a redução de custos operacionais e de comercialização.

As comparações regionais mostram que no Norte e Nordeste, em especial nos estados que compõem o Matopiba, o crescimento em área tem sido ainda mais significativo que o da produção. Mesmo com o predomínio de sistemas de produção de elevado padrão tecnológico, a exemplo dos existentes nas regiões que abrigaram a primeira fase de ocupação dos Cerrados, a disponibilidade de novas áreas agricultáveis explicam esse comportamento do cultivo de soja.

Para a temporada 2014/15 a perspectiva é de aumento no cultivo da soja no Brasil tendo em vista a previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de novo recorde, de 91 milhões de toneladas, 4% maior. A área deve alcançar 30,5 milhões de hectares, com aumento de 2% em comparação a anterior.

A liquidez da oleaginosa no âmbito internacional assim como no mercado doméstico justificam essa expectativa, cuja concretização deverá contribuir ainda mais para a expansão da sojicultura no Brasil.

 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola

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