Potencial do agronegócio e gargalos são temas de seminário da Amcham

Painel 1: Da esquerda para a direita: Roberto Rodrigues (mediador dos debates), Marisa Regitano d’Arce  ESALQ/USP; Clodys Menacho (Alltech); Elísio Contini (Embrapa; e Mário Tenerelli (DuPont do Brasil). Crédito da foto: Mário Miranda/Divulgação/Amcham
Painel 1: Da esquerda para a direita: Roberto Rodrigues (mediador dos debates), Marisa Regitano d’Arce ESALQ/USP; Clodys Menacho (Alltech); Elísio Contini (Embrapa) e Mário Tenerelli (DuPont do Brasil). Foto: Mário Miranda/Amcham

 

Intercâmbio de conhecimento e internacionalização são alguns dos focos da Embrapa, segundo o pesquisador Elisio Contini que destacou a importância das parcerias público e privada para desenvolver pesquisas e manter o agronegócio brasileiro competitivo. Durante o Seminário Perspectivas para o Agronegócio Brasileiro: Segurança Alimentar, Política Agrícola e Inovação, realizado no dia 12 de agosto, em São Paulo, na  Amcham (Câmara Americana de Comércio), Contini afirmou que a entidade possui, atualmente, 162 parcerias em pesquisa e desenvolvimento, sendo 35% em insumos biológicos, 27% em processos tecnológicos e 20% em cultivares.

Na opinião de Contini, a inovação na produção agrícola foi fundamental para o aumento da eficiência no campo. “Isso se deve ao agricultor, às empresas, à pesquisa e  toda a cadeia”, creditou o pesquisador da Embrapa, lembrando que, em 20 anos (das da safra 1993/1994 até a safra 2013/2014), a produção brasileira de grãos aumentou de 76 milhões para 193,9 milhões de toneladas a área plantada passou de 39,09 milhões para 56,82 milhões de hectares. “No mesmo período, o saldo comercial do agronegócio foi positivo em US$ 797 bilhões enquanto o saldo total do Brasil foi positivo em US$ 380 bilhões”, comparou.

A Embrapa conta hoje com uma rede de 2.500 pesquisadores e um orçamento próximo de US$ 1 bilhão. “Cerca de 70% dos portes de recursos ainda são públicos, ou seja, precisamos avançar em investimento por meio de parcerias com o setor privado”, observou Contini. “Nos últimos 20 anos, a Embrapa teve uma consideração da sociedade e o governo respondeu à altura.”

Mediado pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o Seminário contou com dois painéis de debates. O primeiro, com tema Inovação e Parcerias na Cadeia de Agronegócios, reuniu, além de Contini, da Embrapa; Mário Tenerelli, vice-presidente da área de proteção de cultivos da DuPont do Brasil; Marisa Regitano d’Arce, vice-diretora da Esalq/USP; e Clodys Menacho, diretor Comercial da Alltech

O segundo, sobre Cadeia do Agronegócio, reuniu Adrian Isman, presidente da Louis Dreyfus Commodities Brasil; Marcos Jank, diretor global de Assuntos Corporativos da Brasil Foods; Jerry O’Callanghan, diretor de Relações Institucionais da JBS; Alexandre Borges, presidente da Mãe Terra, e João Carlos Hopp, diretor Comercial da Fazenda Bela Vista.

 

DESAFIOS

Adrian Isman, da LDC, destacou como principal desafio do Brasil problemas logísticos e apontou a necessidade imediata de investimentos imediatos nessa área. “Há dez anos que o Brasil não investe, portanto, nada foi feito nesse elo da cadeia”, reclama e acrescenta: “O País tem todas as condições para atender ao aumento da demanda global por alimentos estimada para as próximas décadas, mas precisa fazer a produção chegar ao consumidor. Temos produtividade, mas não conseguimos atingir o mundo, por falta de estrutura.”

 

 

Painel 2: Da esquerda para a direita: Roberto Rodrigues, Adrian Isman (Dreyfus Commodities Brasil); Alexandre Borges (Mãe Terra); Jerry O’Callanghan (JBS); João Carlos Hopp, diretor Comercial da Fazenda Bela Vista; e Marcos Jank (Brasil Foods). Crédito da foto: Mário Miranda/Divulgação/Amcham.
Painel 2: Da esquerda para a direita: Roberto Rodrigues, Adrian Isman (Dreyfus Commodities Brasil); Alexandre Borges (Mãe Terra); Jerry O’Callanghan (JBS); João Carlos Hopp, diretor Comercial da Fazenda Bela Vista; e Marcos Jank (Brasil Foods). Crédito da foto: Mário Miranda/Amcham.

 

O diretor comercial da Fazenda Bela Vista, João Carlos Hopp, defendeu a permissão do governo para importação de café como forma de atrair investimentos em industrialização. Segundo o executivo, apesar da liderança global na produção, a compra de café de outros países ampliaria ainda mais a competitividade da cadeia produtiva no país.

“O investimento em uma estrutura industrial é alto e ninguém vai querer investir dinheiro em um lugar que não permita arbitrar cafés de várias partes do mundo. É importante que o Brasil permita a entrada e a saída de café”, sugeriu.

Na visão de Hopp, o principal problema do setor é o custo de mão de obra que é bastante intensiva. “O desafio é mudar a forma de fazer e produzir, para reduzir a mão de obra”, ressaltou. Segundo ele, apenas no cerrado a colheita é mecanizada e mais de 70% do café brasileiro é de região montanhosa. “Além de mudar o manejo do café, outro desafio é realizar mais pesquisas, gerar tecnologias e transferir para o produtor”, explicou e sugeriu ações para melhorar a promoção do produto no Brasil no exterior. “O Brasil é o maior produtor global de café e a Alemanha, que não produz nenhum grão, é o maior exportadora em valor”, ilustrou.

Para o diretor de Relações com Investidores da JBS, Jeremiah O’Callaghan, a carne suína é a que tem maior potencial de crescimento. “É o mercado que vai crescer na próxima década. Talvez mais que a carne de frango e certamente mais que a carne bovina”, previu e lembrou que atualmente o setor é dependente de exportações, mas tem aumentado o consumo interno, de 12 quilos per capita/ano no início da década para 18 kg per capita atuais.

O maior desafio da carne bovina, na visão de O’Callaghan, é a sustentabilidade. Conforme explicou, o País já superou grande parte dos obstáculos que impediam as exportações para regiões como a Europa. “O cadastro dos fornecedores é tecnificado e hoje a sustentabilidade é mais uma peça de marketing da carne que um risco”, disse.

O presidente da JBS lembrou que do total da produção brasileira, calculada em 10 milhões de toneladas, 20% é exportada. No caso do frango, 35% do consumo mundial é de produto do Brasil.

Segundo Marcos Jank, diretor-global de Assuntos Corporativos da BRF, 40% da soja exportada para a China é Do brasil e 23% dos embarques do agronegócio também são do País. “O desafio brasileiro é abrir mercado para exportar produtos com valor adicionado”, apontou.

 

Por equipe SNA/SP

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