O tamanho da próxima safra brasileira de café, cuja colheita terá início entre junho e julho, é um dos pontos-chave da equação que está ditando os rumos dos preços internacionais do produto. Mas a colheita poderá não ser tão volumosa quanto sinalizam as estimativas de mercado – entre 55 milhões e 57 milhões de sacas de 60 quilos – que colaboraram para derrubar as cotações nos últimos meses na bolsa de Nova York. Em Minas Gerais, maior produtor nacional do grão, a safra deverá ser até 2 milhões de sacas menor que o previsto em razão da estiagem registrada em 2011 e este ano.
Levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), de Minas, realizado na 2ª quinzena de fevereiro em 93% dos municípios do Estado apontou uma colheita de 24,6 milhões de sacas na temporada 2012/13. A projeção já é menor que a da Conab, que calculou a produção mineira em 26,3 milhões de sacas, com margem de erro de 3,01% para cima ou para baixo.
José Rogério Lara, diretor-técnico da Emater-MG, lembra que a seca foi severa no ano passado e provocou abortamento intenso de flores e chumbinhos. Neste ano, após as chuvas intensas de janeiro, a estiagem, que em algumas regiões durou de 15 a 50 dias, também prejudicou a granação dos frutos.
Na Bahia, 4º maior produtor nacional de café, também houve seca e a quebra da produção poderá chegar a 30% na maior região produtora do Estado, a do Planalto, segundo a Associação dos Produtores de Café do Estado (Assocafé). As projeções iniciais indicavam uma colheita baiana da ordem de 2,5 milhões de sacas, 1,3 milhão das quais no Planalto – onde não deverá ultrapassar 1 milhão.
Segundo João Lopes Araújo, presidente da Assocafé, os produtores investiram muito na cultura no ano passado em função dos preços altos do grão e agora estão “frustrados”.
O primeiro levantamento da Conab para a nova safra, divulgado em janeiro, estimou a colheita nacional entre 49 milhões e 52,3 milhões de sacas beneficiadas. Algumas consultorias chegaram a estimar a produção em 55 milhões de sacas, e o Rabobank projetou 57 milhões.
Paulo Etchichury, meteorologista da Somar Meteorologia, acredita que, de modo geral, o clima deverá beneficiar a cultura nos próximos meses. Mas a partir da metade de julho ondas de massa de ar polar elevarão o risco de geadas. Algum episódio de chuva no período também pode atrapalhar a colheita e o amadurecimento do grão na fase final. “O risco é mais para o manejo”, diz.
Fonte: CaféPoint