Nesta semana, o decreto que tornou operacional o preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) – exigência do novo Código Florestal – completa o primeiro mês. Prazo é algo importante neste caso, já que o produtor tem tempo limitado para fornecer as informações. Um ano prorrogável por mais um, período que já está correndo. A partir de 2017, estar em dia com o cadastro será pré-requisito para obter crédito e licenciamento.
Por enquanto, ainda não há balanço de quantos produtores já preencheram as informações – o Ministério do Meio Ambiente afirma que a compilação desses dados ficará a cargo dos Estados.
No Rio Grande do Sul, o cadastro será monitorado pela Secretaria de Meio Ambiente. A senha para que o órgão tenha acesso aos dados ainda não foi fornecida.
A etapa da análise, posterior ao preenchimento, é a que demandará mais tempo. É a partir do cruzamento de dados que se determinará quem precisará elaborar plano de recuperação de áreas degradadas.
– Já se debate a possibilidade de transferir essa análise para municípios com estrutura adequada – explica Junior Carlos Piaia, diretor do Departamento de Florestas e Áreas Plantadas da secretaria.
Um reforço de equipe, de pelo menos 15 técnicos, também é esperado e poderá vir do aguardado concurso da secretaria. Outra alternativa avaliada seria uma espécie de permuta com os aprovados em recente seleção da Secretaria da Agricultura.
Por enquanto, o que tem data para começar, 9 de junho, são os cursos para formar especialistas no tema, capazes de auxiliar os produtores no cadastro. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) é parceiro na iniciativa e também já está realizando palestras de conscientização sobre o tema.
– A preocupação tem relação com o desconhecimento da lei. Quando entendem o cadastro, percebem que, apesar de trabalhoso, não é difícil – opina Eduardo Condorelli, assessor técnico da Farsul.
COM O TOQUE DOS JOVENS
É o exemplo da jovem Renata Arioli, 32 anos, que a Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio) quer multiplicar pelo Estado. Engenheira agrônoma, ela frequenta os seminários promovidos pela entidade desde 2005. Há sete anos, decidiu retomar a produção e a comercialização de sementes na propriedade da família, em Erechim, no norte do Estado.
– Se ainda hoje estou no meio rural, boa parte da razão é pelo incentivo e estímulo à permanência no campo. Vou no seminário há muitos anos, com pai, mãe, marido e irmão. Lá, trocamos ideias com produtores de diferentes regiões – afirma Renata.
A agricultura do futuro na visão dos jovens será tema, amanhã, dos debates da 29ª edição do Seminário Cooplantio, que começa hoje em Gramado, na Serra.
– Há famílias inteiras que vêm, outros trazem também funcionários. A necessidade de qualificação é geral – explica Dirceu Gassen, gestor de marketing e serviços da Cooplantio e um dos palestrantes do evento.
SUCESSO, APESAR DOS PROBLEMAS
Fundamental na balança comercial do país, o agronegócio deve continuar como destaque da economia. É o que avalia Antonio Alvarenga Neto (foto), presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
– Será um sucesso total. Cheio de problemas, mas um sucesso – diz, sobre os próximos cinco anos.
Confira abaixo como Alvarenga percebe assuntos relevantes ao desenvolvimento do setor.
CRÉDITO E JURO
O volume de recursos liberados para o Plano Safra 2014/2015 é considerado satisfatório. E a alta de um ponto percentual nas taxas de juro de financiamentos voltadas ao médio e ao grande produtor, alvo de críticas, também não é vista como problema.
– Vejo problema em não ser um plano plurianual, como o setor vem pedindo. E muita burocracia.
SEGURO
A ressalva do presidente Alvarenga em relação ao Plano Safra é em relação à quantia do seguro rural. O valor, afirma, “não cobre nem 10% da área plantada”. Os financiamentos da linha ABC, que incentivam a chamada agricultura de baixo carbono, deveriam ter suas taxas reduzidas, entende.
SUPERSAFRA
– O único problema de supersafras seguidas é a infraestrutura. Mas é melhor isso do que problemas na produção – entende Alvarenga.
O agendamento de cargas levou a “pequena melhoria” nos portos. E tem ainda as concessões abertas pelo governo, cujo efeito prático, contudo, deve “levar mais tempo”.
CAR
Alvarenga estima que ao fim do prazo legal para o Cadastro Ambiental Rural (CAR) apenas 20% dos produtores brasileiros terão aderido à ferramenta. O motivo seriam as dificuldades operacionais.
– O produtor médio não tem a menor condição de fazer – afirma.
Fonte: Zero Hora