O Manejo Integrado de Pragas (MIP) constitui um plano de medidas voltadas para diminuir o uso de agrotóxicos na produção convencional, buscando promover o equilíbrio nas plantas e monitorar as pragas evitando, ao máximo, o uso desses produtos no sistema. Assim, existe uma preocupação em se utilizar agrotóxicos apenas quando a população dos organismos que causam problemas nas plantações atingir um nível de dano econômico (em que as perdas de produção gerem prejuízos econômicos significativos), diminuindo a contaminação do ambiente. Técnicas de MIP serão demonstradas na 21 Agrishow pela Embrapa.
A base do MIP são os conhecimentos sobre taxonomia, biologia e ecologia que subsidiam a identificação das pragas chaves e dos inimigos naturais, o seu monitoramento com base nas informações sobre seus níveis de controle e o manejo do agroecossistema, priorizando condições para o equilíbrio das plantas e o combate natural das pragas”.
Conforme pesquisadores da Embrapa de Alerta para Ameaças Fitossanitárias, “quando o monitoramento indica que a densidade populacional atingiu o nível de dano econômico, a tomada de decisão pelo controle segue uma lógica que prioriza os controles cultural, biológico, comportamental, genético, varietal e, como última opção, o controle químico. No caso do controle químico, são utilizados produtos seletivos em favor dos inimigos naturais e polinizadores, além da rotação de produtos por modos de ação e grupo químico, a fim de evitar a resistência. A ocorrência de recentes ameaças fitossanitárias, como a Helicoverpa armigera, vem comprovar não apenas a eficácia do MIP, como a necessidade de sua ampliação para o âmbito de toda paisagem”.
A Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) fará demonstrações práticas de identificação de inimigos naturais e manejo conservativo de espécies, adubação verde utilizando plantas atrativas de inimigos naturais de pragas, compostagem 100% de material vegetal e o próprio Sistema Integrado de produção Agrícola (SIPA). “Assim, será levado ao agricultor de maneira interativa tecnologias e conhecimentos facilmente aplicáveis a quaisquer situações. Serão seis áreas de plots – cravo, coentro, crotalária, feijão de porco, margaridão e um com plantas espontâneas, uma área na estufa para mudas de hortaliças e uma área para o composto 100% vegetal”, explica Ana Cristina Garofolo, Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrobiologia .
“E, continua Ana, na Tenda Espaço Agricultura Familiar, haverá “momentos teóricos” onde serão disponibilizadas lupas e microscópios para exposição dos insetos, entre outros. Além disso, em uma das tendas satélite será ministrado um pequeno curso sobre compostagem 100% vegetal e em outra será demonstrada a prática de identificação de inimigos naturais para controle biológico”.
A aplicação constante de inseticidas para controle de pragas pode causar problemas à saúde do trabalhador rural, de sua família, de consumidores dos produtos e do meio ambiente de produção. Uma alternativa para o problema é o controle biológico dos insetos como um processo ecológico de redução de populações que se baseia no fato de que, na natureza, existe uma série de microrganismos (fungos, bactérias, vírus, entre outros), aves, mamíferos (tamanduá e outros), peixes e insetos que os utiliza como fontes de nutrição. É importante que insetos benéficos nos cultivos agrícolas não sejam confundidos sendo necessário, portanto, distinguir os inimigos naturais das pragas e entender que: se são inimigos das pragas, são amigos dos produtores. Este conhecimento visa capacitar o agricultor a diferenciar os predadores das pragas da lavoura através das características morfológicas que eles apresentam.
Para complementar, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente farão demonstrações de técnica de calibração de pulverizadores para aplicação de agrotóxicos, importante para o aumento da eficiência desse uso. Além de ambientalmente correto, o processo permite ao aplicador uma margem maior de segurança. Haverá um dia de campo onde serão explicadas as várias etapas da técnica, tais como seleção do alvo da aplicação, verificação de padrão de deposição, regulagem do pulverizador para melhorar a deposição e cálculo da quantidade de agrotóxico a ser colocada no tanque de pulverização. De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Aldemir Chaim, a falta de calibração dos pulverizadores pode resultar em perdas de agrotóxicos que ultrapassam 40%. Essas perdas também decorrem por deriva e evaporação de gotas na pulverização. Desta forma, serão abordados outros cuidados que devem ser observados, como por exemplo não aplicar em condições de muito vento, além de obedecer os prazos de carência do produto, ou seja respeitar os intervalos entre a aplicação e a colheita. “O MIP (Manejo Integrado de Pragas) deve ser o sistema a ser utilizado no controle das pragas e doenças dos citros”, aconselha.
Caravana Embrapa de Alerta para Ameaças Fitossanitárias
A Caravana teve início em dezembro de 2013 e percorreu polos agrícolas importantes dos Cerrados Amazônicos, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Tocantins, Piauí, Goiás, Distrito Federal, Grande Dourados, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Alagoas e Sergipe. Seu objetivo foi levar aos técnicos multiplicadores da extensão rural e de cooperativas, consultores independentes e de associações orientações sobre o manejo das principais ameaças fitossanitárias. O destaque nessa primeira edição foi a Helicoverpa armigera. Seu principal enfoque foi o da adoção do MIP. A previsão é que sejam implantadas a partir de agora Unidades de Referência Tecnológica (URT) do modelo MIP nas macrorregiões visitadas para uso na capacitação de extensionistas e produtores.
A Caravana foi realizada em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). No estado de São Paulo a Caravana teve apoio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (CDA), Agência Paulista de Tecnologias dos Agronegócios (Apta), Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP) e também do Instituto Federal de São Paulo, Campus de Avaré.
Fonte: Embrapa