Pero Vaz de Caminha, em 1500, enviou uma carta para o rei de Portugal, Dom Manuel, onde descreveu a fertilidade das terras brasileiras com a conhecida frase “Em se plantando tudo dá”. Pois bem; tais terras agrícolas tiveram 113% de valorização dos seus preços nos últimos cinco anos, entre julho de 2019 e julho de 2024, segundo a Scot Consultoria.
Salto
O salto foi de uma média de R$ 14.818,10 para R$ 31.609,87, ainda de acordo com a Scot, que analisou os 17 estados mais expressivos no agro, durante os últimos cinco anos. Destaque para Rondônia que registrou 300% de aumento no valor das terras, com o preço médio do hectare atingindo R$ 23 mil.
Motivo
O estudo apontou a elevação dos preços das commodities agrícolas, a partir de 2020, como um dos principais motivos desta valorização de terras no Brasil. Em seu relatório, a Consultoria completou dizendo que não fosse a pandemia, os preços do hectare poderiam ter aumentado ainda mais.
Hélio Sirimarco, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), explicou que a análise da Scot Consultoria destacou que houve um aperto no quadro de oferta e de demanda internacional, especialmente para soja e milho. “Isso fez com que os preços subissem muito no mercado internacional; que, combinado com a valorização também do dólar, no início da pandemia, acabou elevando ainda mais os preços das terras”.
“Só para dar um exemplo, a saca de soja, nesse período, chegou a ultrapassar os R$200. Hoje, ela está bem abaixo disso. Então, com o preço das terras indexadas às commodities, essa valorização aconteceu na mesma intensidade ou até um pouco abaixo. Outro ponto desse estudo que vale ressaltar, refere-se ao preço médio do hectare destinado à pecuária, que subiu 116%”, enfatizou Hélio Sirimarco.
MATOPIBA
Oficializada em 2015, a região do MATOPIBA, considerada a última fronteira agrícola do Brasil, e formada pelo sul do Maranhão, norte do Tocantins, sul do Piauí e oeste da Bahia, apresentou valorização de 200% de 2019 até 2024. A região possui grandes potenciais para o plantio, especialmente da soja, milho e algodão.
”É interessante notar que esse processo de novas fronteiras agrícolas vem acontecendo desde o início dos anos 70, quando paranaenses e gaúchos começaram a migrar para o Centro-Oeste, particularmente, para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e algumas áreas de Goiás. E agora, depois dessa expansão, nós temos essa nova fronteira agrícola, que é o MATOPIBA. Por quê? Porque as áreas são maiores e os preços eram mais interessantes do que na região sul, em especial, no Rio Grande do Sul e Paraná”, explicou o vice-presidente da SNA.
Sem desmatamento
Segundo a Scot, apesar dessa questão de maior demanda, maior crescimento e valorização, um ponto importante é que não está havendo a necessidade de desmatamento, “porque nós temos áreas disponíveis para expansão agrícola. Então esse tema é um tema muito interessante e que é de tal importância para que o nosso setor agropecuário continue crescendo, continue se desenvolvendo”, finalizou Hélio Sirimarco.