Cerca de mil pessoas passaram nesta quarta-feira, dia 16, pelo estande da ação educativa “De Olho no Peixe” no Mercado São Pedro, em Niterói, RJ, com atividades que visam orientar consumidores sobre o que deve ser observado na hora da compra do pescado e quais os benefícios deste alimento. Lançado há três anos pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca (Sedrap), o projeto acontece sempre na Semana Santa (época de maior consumo de pescado), e a partir desta quinta-feira, 17, contemplará também os mercados de Copacabana, Barra da Tijuca, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Búzios e Angra do Reis, com ações 8h às 13h que serão mantidas na sexta, dia 18.
Além de banners e adesivos com informações sobre as características de várias espécies de peixe expostos em pontos estratégicos do Mercado São Pedro, os consumidores são recepcionados por técnicos da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj, vinculada à Sedrap) com folders que trazem até receita especial tendo como principal ingrediente o pescado mais capturado ou consumido na região contemplada com o projeto. Por ser o maior do estado do Rio, o mercado de Niterói é o único dos sete a contar com as ações nos três dias, e em um horário mais amplo, das 6h às 13h, contando nesta quinta e sexta com animadores cantando, literalmente, receitas culinárias à base de peixes, como a Moqueca de Corvina.
A vendedora ambulante Eliane Braga, de 54 anos, aprovou a medida. “Sempre procuro ver se o peixe está fresco, com a guelra vermelhinha, mas esse tipo de alerta é muito importante. Gosto de me alimentar bem, com qualidade. Só de imaginar um peixinho bem preparado dá água na boca”, brincou.
Mas quem se divertiu mesmo foram as crianças que passaram pelo local. Todas receberam um peixinho artesanal feito com CDs inutilizados. Algumas aproveitaram para personalizar o mimo com cola colorida, tinta e muita purpurina. Ao mesmo tempo, a gerente ambiental da Fiperj, Úrsula Hallais, aproveita para falar sobre educação ambiental e da importância de se comer este alimento.
– O objetivo é usar essas atividades lúdico-pedagógicas para conscientizar o público infantil sobre a importância do pescado na dieta alimentar e da preservação do ambiente marinho. O CD na confecção do peixinho ilustra bem isso, porque explicamos que podemos usar esse tipo de material para fazer outra coisa, e não descartá-lo no mar, por exemplo – destaca Úrsula.
Peixe o ano todo – A campanha visa ainda estimular o consumo de peixe não só durante a Semana Santa, como em todo o ano, como já acontece na família da geógrafa Isabel Nitta, 68 anos, descendente de japoneses.
– Costumo comprar peixe toda quarta-feira porque meu marido e minha filha gostam de comer peixe cru nesse dia – revela Isabel, informando que os ingredientes principais da receita especial da Semana Santa, como o camarão, já foram comprados com antecedência. “Sai mais em conta”, ensina.
A auxiliar de arquivo Neide Serrano da Silva, 65 anos, também não deixou para a última hora e aproveitou a quarta-feira menos movimentada para comprar o cação e o camarão, protagonistas do prato que já virou tradição na sua famí1lia. “O preço está bom, não alterou muito”, diz dona Neide, cliente assídua do mercado.
Aliando o famoso ditado popular sobre o hábito do brasileiro de deixar tudo para última hora com o fato de que a maioria das pessoas gosta de comprar o peixe o mais fresco possível para o almoço da Quinta e Sexta-feira Santas, a expectativa é o mercado receber nesses dias mais que o triplo de consumidores.
Mercado fluminense – Outro objetivo da ação é estimular a venda dos pescados mais encontrados na região, substituindo o importado bacalhau. Além de boa para saúde, a medida visa melhorar a economia fluminense.
– O Brasil é um dos maiores importadores de bacalhau, mas queremos mostrar à população que é possível preparar outras receitas também saborosas com peixes abundantes no estado, como a sardinha, rica em ômega 3, por exemplo. Um ganho para a saúde e para a economia – diz a pesquisadora de Tecnologia de Pescado da Fiperj, Flávia Calixto.
Segundo o diretor da Associação dos Comerciantes e Amigos do Mercado São Pedro, Atílio Guglielmo, os pescados mais vendidos nessa época no mercado são corvina, anchova, dourado e camarão.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Como escolher o pescado – A pesquisadora Flávia Calixto ensina que é possível avaliar a qualidade de um pescado pelo cheiro, escamas, firmeza da carne e aspecto dos olhos. Mas há armadilhas que acabam atrapalhando essa análise, como o corte da cabeça e barriga. Por isso, é preciso observar bem as características do pescado antes da compra, como olhos brilhantes e salientes; guelras avermelhadas, sem muco ou odor muito forte; barriga e musculatura firmes; e, dependendo da espécie, escama bem aderida, que não é o caso da sardinha, cuja escama solta mais fácil. Outra dica da pesquisadora é a de não manipular o peixe, deixando que o comerciante faça esta parte, pois está preparado com luvas ou mãos higienizadas.
Já quando o peixe está filetado (em partes), deve-se observar se a carne está uniforme, sem manchas, e se apresenta coloração típica de cada espécie. O linguado e o namorado, por exemplo, têm carne branca; a do atum é mais escura; e no salmão fica entre o rosa e o laranja. Recomenda-se ainda conferir se a carne está firme, sem viscos.
Benefícios do pescado para saúde:
– Menos calorias que outros tipos de carne, devido ao seu baixo teor de gordura;
– Proteína de alto valor nutricional e fonte de vitaminas A, B e D;
– Fonte de cálcio, fósforo e outros minerais importantes para o fortalecimento dos ossos;
– Bom para artérias e cérebro por ser rica fonte de ômega 3, que reduz o risco de doenças cardiovasculares, tem ação anti-inflamatória, auxilia na regeneração de neurônios e ainda no desenvolvimento cerebral, tornando-o fundamental na infância.