OIC compara quebra de safra de café no Brasil à geada negra de 1975

O mercado global de café está caminhando para um cenário de déficit de abastecimento. O consumo de café está projetado em 145.8 milhões de sacas de 60 kg, mas a produção no ano comercial 2013/14 deve ficar em 145.7 milhões de sacas, de acordo com analistas consultados pelo site de negócios Business Standard.

A variável mais importante é o tamanho da safra brasileira 2014/15, que se iniciou este mês, segundo a OIC (Organização Internacional do Café). A organização ressalta que os danos causados pela seca ainda não foram oficialmente quantificados, mas que o cenário poderá ser ainda pior que o registrado no país em 1975, quando os cafezais foram atingidos pela chamada ‘geada negra’.

O consumo total no ano de 2013 sugere um aumento significativo de 2,7% para 145.8 milhões de sacas, sendo que em 2012 foram consumidas 142 milhões de sacas. Boa parte do crescimento do consumo aconteceu em mercados tradicionais como os Estados Unidos, que já haviam registrado consumo recorde em 2012.

“O consumo em países exportadores continua aumentando significativamente, para 44.7 milhões de sacas, ou 30,6% do total consumido em todo o mundo”, informou a OCI.

“As restrições de oferta no próximo ano devem impactar os preços para os produtores e consumidores. Cafeicultores na Índia já notaram uma forte alta nos preços domésticos. Quando os estoques se reduzirem e o Brasil começar a colher uma safra pequena, os preços tendem a subir ainda mais”, informou Ramesh Rajah, presidente da Associação de Exportadores de Café da Índia.

Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US) tiveram uma alta no dia 10 de abril atingindo o maior preço em quatro semanas de US$ 2,00 a libra-peso, diante das incertezas da produção no Brasil. Os preços para o vencimento maio recentemente subiram 3,4% e atingiram US$ 2,0610 por libra-peso, o maior valor desde março de 2013.

O consumo em mercados emergentes está estimado em 26.8 milhões de sacas, um pouco menor que o volume consumido em 2012. No entanto, grande parte desses mercados não são membros da OIC e as informações completas para 2013 ainda não estão disponíveis.

A tendência geral do mercado de café é que os mercados tradicionais respondam por um volume cada vez menor do consumo total, em boa parte devido ao aumento do consumo em países exportadores.

“É difícil estimar a extensão dos danos causados pela seca e pelo forte calor até que a colheita seja finalizada, mas um estudo recente já se refere ao cenário atual como ‘a maior anomalia climática’ desde a geada negra que aconteceu no Brasil em 1975. Os danos para a safra 2014/15, no entanto, podem ser ainda piores”, informou a OIC em seu último relatório.

A média mensal de US$ 1,6503 por libra-peso de café ficou 20% mais alta em fevereiro e alcançou o maior nível mensal em dois anos. Os preços internacionais continuam voláteis e sensíveis às informações do clima no Brasil.

As exportações totais em fevereiro alcançaram 9 milhões de sacas, com alta de 4,3% em relação à fevereiro de 2013. O volume total de exportações nos primeiros cinco meses da safra 2013/14 foram de 42.7 milhões de sacas, ou seja, 6,6% menor do que no mesmo período em 2012/13.

Os estoques certificados de café robusta (conilon) na Bolsa de Londres continuam caindo, de 404 mil sacas em fevereiro para 317 mil sacas em março. Os estoques de café arábica certificado na Bolsa de Nova Iorque também tiveram caíram para 2.7 milhões de sacas.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

 

 

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