O Ministro italiano da Agricultura, Francesco Lollobrigida, rejeitou nesta segunda-feira (18) o projeto de acordo de livre comércio entre União Europeia e MERCOSUL nas condições atuais e exigiu as mesmas “obrigações” para os agricultores de ambos os blocos.O tratado entre UE e MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) “na sua forma atual não é aceitável”, afirmou.
O pacto não se aplica à Bolívia, recentemente integrada ao bloco sul-americano.”É preciso verificar antes se os países do MERCOSUL respeitam as mesmas obrigações que nós impomos aos nossos agricultores em termos de direitos trabalhistas e meio ambiente”, justificou o Ministro, membro do partido Fratelli d’Italia, de extrema direita, liderado pela Primeira-Ministra Giorgia Meloni. “As crises geopolíticas já enfraqueceram de maneira dramática o nosso setor primário, que dificilmente poderia resistir ao impacto de importações com custos de produção e preços mais baixos”, acrescentou.
O Ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, líder do partido conservador Forza Italia, membro da coalizão no poder, mostrou-se mais aberto. “Trata-se de negociações muito complexas nas quais muitas vezes nos deparamos com detalhes de alguns setores que acabam bloqueando o acordo como um todo”, afirmou em outubro, em entrevista à CNN Brasil.
Antonio Tajani considerou que é “possível” alcançar um acordo “útil para ambas as partes”.
As principais organizações representativas do setor agrícola italiano se opõem a este projeto.
“Se este acordo for assinado nas condições atuais, teria efeitos devastadores no setor agroalimentar europeu e italiano”, denunciou a associação Coldiretti.
As principais organizações agropecuárias de França, Alemanha, Espanha e Itália denunciam a negociação de um acordo entre a UE e o MERCOSUL. Mas as posições de seus governos contêm nuances e a França segue se opondo de maneira mais enfática.
O acordo permitiria aos quatro países negociadores do MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) aumentarem suas cotas de entrada na UE de carne bovina, de aves e suínas, assim como de mel, açúcar e outros produtos.
Os sindicatos agropecuários da UE denunciam uma concorrência desleal, já que a produção desses alimentos no bloco sul-americano não está submetida aos mesmos requisitos ambientais e sociais nem às mesmas normas sanitárias em caso de controles defeituosos.
A Copa-Cogeca, que agrupa os principais sindicatos agropecuários da UE, pediu à Comissão Europeia, o órgão executivo do bloco, que “reavaliasse” o projeto de acordo e que impulsione “uma política comercial que defenda as rigorosas normas de nosso setor agrícola”.