Sucesso da Expointer celebra volta por cima dos produtores gaúchos

A feira registrou 2.067 expositores e mais de 650 mil visitantes. Vista aérea Expointer: Foto/Governo do Estado

Um momento de celebração e força

 A tradicional feira agropecuária Expointer encerrou sua 47ª edição no último domingo, 1º de setembro, na cidade de Esteio. Além dos negócios, que geraram faturamento recorde de R$ 8,1 bilhões, o evento teve um significado especial pela memória ainda recente das chuvas de abril e maio, que castigaram o estado. Enchentes destruíram lavouras e pôs em dúvida o futuro do agronegócio gaúcho além de tirar vidas.

Nesse sentido, os produtores locais deram uma prova de resiliência, retomando suas atividades conforme possível. Nesse ano, houve um crescimento de 1,41% em relação à edição de 2023. A feira registrou 2.067 expositores e mais de 650 mil visitantes. A Expointer 2025  já tem data marcada e será realizada de 30 de agosto a 7 de setembro.

Implemento agrícola que combina operações de manejo do solo e semeadura – Foto: Jürgen Mayhofer/Secom

O setor de máquinas e implementos agrícolas foram os que mais aqueceram os negócios da feira, com R$ 7,4 bilhões em negócios do total, pouco mais de 0,5% a mais que em 2023. “70% dos implementos agrícolas que são vendidos no Brasil saem do Rio Grande do Sul. Nós temos muitos compradores de fora do Estado e isso traz uma boa perspectiva”, afirmou o secretário da agricultura do Rio Grande do Sul, Clair Kuhn.

O próprio local da feira, o Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, é carregado de referências, já que ficou debaixo d’água há quatro meses e precisou ser recuperado a um custo de R$ 6 milhões, com melhorias na estrutura e demais instalações secundárias.“Estamos extremamente felizes e realizados de fechar uma feira de superação. O Rio Grande do Sul é muito forte e tem muita resiliência”, finalizou o secretário.

Em 2024, o número de animais em exposição, um dos principais atrativos da feira, aumentou 12% em relação à última edição, chegando a 4.796 inscritos. Neste ano, participaram novas raças de ovinos, a dhone merino, e de equídeos, como os muares. Foram quase R$ 19 milhões em negócios de animais, um crescimento de 48% em relação a 2023. Os números são da organização do evento.

Presenças ilustres e olhar para o futuro

Desfile foi aberto pelo cavalo Caramelo, que se tornou símbolo da resiliência gaúcha – Foto: Maurício Tonetto/Ascom Expointer

A grande estrela foi o Cavalo Caramelo, animal que ficou preso num telhado enquanto as águas subiam ao seu redor. As imagens correram o mundo, inclusive as que mostravam seu bem-sucedido resgate, e ele se transformou em símbolo da resistência gaúcha

O Pavilhão da Agricultura Familiar (PAF) apresentou um crescimento, de 372 empreendimentos em 2023, para 413 em 2024. Do total, 216 são liderados por mulheres, 125 têm jovens na liderança e 73 participam da feira pela primeira vez. Foram negociados R$10,8 milhões na agricultura familiar, um crescimento de 25,4% em relação a 2023.

Autoridades prestigiaram o evento, como o governador Eduardo Leite e o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O ministro lembrou que o Congresso Nacional aprovou Projeto de Lei 25/2024, que facilita o acesso ao crédito para produtores rurais impactados por adversidades climáticas, especialmente no Rio Grande do Sul.

Já segundo o governador, os produtores gaúchos sentem que as medidas já anunciadas pelo governo não são suficientes para atender suas necessidades. “Precisamos de agilidade e menos burocracia para acesso aos recursos”, afirmou.

Representantes da cadeia do agronegócio esperam uma solução para que produtores, cooperativas, cerealistas e fornecedores de insumos possam acessar os R$ 15 bilhões em recursos de fundo social já anunciado pelo governo. Haveria um ano de carência e oito para o pagamento desses valores acessados.

Em síntese, a feira representou um ponto de inflexão nesse ano difícil para o agro gaúcho, em que a reconstrução do que se perdeu e a retomada da produção proporcionam um senso de normalidade e alívio após tanto sofrimento e dúvidas quanto ao futuro.

O Portal SNA acompanhou desde o início o impacto das enchentes para o setor e os desdobramentos a curto e médio prazo que mobilizaram autoridades e sociedade civil numa demonstração de solidariedade. Agora, já é possível enxergar mais longe, com os efeitos da ajuda financeira e logística se fazendo sentir na rotina de agricultores, pecuaristas e indústrias.

Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290) marcelosa@sna.agr.br

 

 

 

 

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