DIA DO APICULTOR – O PORQUÊ DOS PORQUÊS. Por Evaristo de Miranda

As abelhas fazem sua parte. No dia do apicultor, descubra mais sobre esses agricultores  sem-terra, os desafios e a história da apicultura no país.    Imagem/Pixabay/ https://pixabay.com/pt/users/businesshelper-853540/

Em 22 de maio celebra-se o dia do apicultor, um dos mais necessários e amados entre os agricultores sem-terra. A maioria dos apicultores não têm fazendas. Bastam alguns metros quadrados às suas colmeias, e pronto. Ao contrário da maioria dos benditos ou malditos sem-terra, esses profissionais das abelhas são bem-vindos e recebidos sem conflito sem terras alheias.

Os apicultores instalam suas colmeias em plantios de eucaliptos, cereais, leguminosas, melões, tomates, laranjas, hortaliças etc. Até em áreas e campos experimentais da Embrapa. Para produzir. Em troca de pólen e néctar, as abelhas polinizam os cultivos e ampliam sua produtividade.

Por que o dia do apicultor é celebrado em 22 de maio?

Porque é o dia de Santa Rita de Cássia no calendário litúrgico. E por que essa coincidência? Os devotos de Santa Rita gostam muito de mel? Não por isso. Santa Rita de Cássia é a padroeira dos apicultores.E por que ela é a padroeira? Bem, segundo a metahistória, após a solenidade de seu batismo, por volta do ano de 1381 na Úmbria, Rita foi deixada para dormirà sombra de uma árvore. Quando seus pais foram observá-la, viram abelhas brancas voando em seu redor, pousando suavemente em seus lábios, depositando gotinhas de mel. Foi um sinal anunciador. Pródromo das muitas doçurasdaqueles lábios.

A apicultura teve início no Brasil em 1839 e tem a ver com a Igreja Católica. O primeiro apicultor no país foi o padre Antônio Carneiro. Ele trouxe algumas colônias de abelhas _Apis melífera_ do Porto, em Portugal, para o Rio de Janeiro. Mais uma espécie exótica na agricultura brasileira. Daí em diante, a apicultura não parou.

Quem produz mel são as abelhas. E trabalham muito. Para produzir um quilo de mel são necessários dois de néctar. Ou, cerca de um milhão de flores são visitadas por 50.000 abelhas. A cada saída, uma abelha visita dezenas de flores para obter cerca de 40 mg de néctar. Elas produzem cera, própolis, geleia real, alimentam larvas, regulam a temperatura e garantem a defesa da colmeia. As operárias vivem 45 dias. As rainhas de 2 a 4 anos.

A produtividade brasileira de mel é baixa e a produção também: cerca de 60.000 toneladas por ano. É pouco, muito pouco. O Brasil não está entre os maiores produtores mundiais. Deveria estar entre os primeiros.

O mel é como uma commodity. Seu preço acompanha o mercado mundial. Exportar é bom negócio. O Brasil exporta mais de80% de sua produção! O mel brasileiro é de qualidade. A exportação para Alemanha, extremamente rigorosa nas análises da qualidade do mel importado, o comprova.

O consumo nacional de mel é a sobra das exportações. O brasileiro consome em média 60 gramas por ano contra 240 gramas dos argentinos e mais de um quilo nos EUA, Europa e vários países da Ásia. Apenas 53% do mel é consumido in natura na mesa dos brasileiros. O resto destina-se à indústria de alimentos, cosméticos, tabaco e ração animal.

Um maior consumo de mel in natura depende do aumento da produção. O extrativismo em colmeias não tem sustentabilidade. Só inovações técnicas, investimentos e manejo profissionalizado trarão ganhos de produtividade. Não há alternativa. Governos apoiam a apicultura como complemento de renda, uma atividade secundária aos agricultores, no “fundo do quintal”. Isso não tem futuro. O Brasil e sua agricultura precisam de mais, melhores e verdadeiros apicultores.

Por Evaristo de Miranda (www.evaristodemiranda.com.br)
Membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA
Direto da redação – SNA –  Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290)
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