O uso de drones no agro brasileiro

Os drones precisam ser homologados na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). É possível fazer de forma online e sem custo. Foto: Freepik

 

Vantagens, desafios e investimentos

Os drones, ou veículos aéreos não tripulados (VANTs), ampliam sua presença em praticamente todas as iniciativas de empreendimento e serviços, e o agronegócio, naturalmente, não fica de fora dessa revolução. Com essas ferramentas, os produtores podem realizar coleta mais precisa de dados, monitorando áreas de cultivo e até pulverizando defensivos.

  • Softwares auxiliam no tratamento, armazenamento e análise dos dados coletados, fornecendo insights valiosos sobre o estado das plantas e do terreno. Remotamente, os aparelhos aferem temperatura, umidade, identificam problemas de saúde das plantas e reduzem os custos de produção, uma vez que otimizam deslocamentos, aquisição de insumos e contribuem para a segurança dos trabalhadores rurais.

 

O uso de drones pode gerar mais de 80% de economia no uso de defensivos agrícolas.

A ideia do uso de drones é também tornar mais racional o uso dos defensivos agrícolas tanto inseticidas, herbicidas, fungicidas quanto os fertilizantes e adubos foliares

Vários drones já vêm equipados com recursos específicos como acesso a imagens de satélite e câmeras térmicas, que possibilitam calcular com exatidão a produtividade, viabilizando assim um planejamento mais eficaz antes mesmo da colheita, bem como identificar eventuais focos de pragas. Muitas outras finalidades podem ser exploradas, com o drone se tornando os olhos de produtores e profissionais do campo, como agrônomos. A sustentabilidade e preservação também se beneficiam, com a detectação de focos de incêndio, desmatamentos e tomada de decisões mais rápida e menos suscetível a erros.

Os desafios da nova tecnologia se concentram basicamente nos custos ainda altos de aquisição e manutenção dos equipamentos, e da mão de obra qualificada. Essa equipe, além de operar os drones, irá tratar e armazenar corretamente as informações coletadas, formando um banco de dados que favoreça a automação de cada etapa, uma vez que o uso da inteligência artificial será o próximo passo da assimilação tecnológica, a exemplo do que já ocorre em outras áreas.

 

Capacitação, trâmites e registros: novos horizontes profissionais

Os drones precisam ser homologados na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). É possível fazer de forma online e sem custo. Também devem ser cadastrados no Sistema de Aeronaves não Tripuladas, da Agência Nacional de Aviação (Anac). Depois disso, deverá ser feito um registro no serviço de Solicitação de Acesso de Aeronave Remotamente Pilotada (Sarpas) controlado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo.

Os modelos destinados a monitoramento e mapeamento agrícola devem ser pilotados por pessoas maiores de 18 anos que tenha formação em pilotagem. Especialistas recomendam ainda conhecimento prévio sobre agricultura. Já para as unidades que realizam pulverização de sementes, agentes biológicos, fertilizantes e defensivos, as regras estão dispostas na portaria do 298 do Ministério de Agricultura. O piloto precisa de uma formação específica, o Curso para Aplicação Aeroagrícola Remota (CAAR), oferecido por instituições registradas no MAPA, e ser certificado.

Se o drone for de porte médio, mais comum no caso das pulverizações, precisam ser homologados na Anatel, e devem portar um Certificado de Aeronavegabilidade Espacial (CAER), além de possuir e portar licença e habilitação emitidos pela Anac.

O CAAR surgiu devido à demanda pela pulverização com drones, uma vez que é crescente o número de agricultores opta pelo uso dessas aeronaves. A intenção é formar um piloto que atue de acordo com a legislação, observando as questões de segurança e evitando danos ambientais. Como se trata de uma profissão nova, a faixa salarial varia de acordo com a experiência, região de trabalho e tipo de contratação, muitas vezes levando em conta a produtividade do funcionário, além da remuneração fixa combinada. O investimento na obtenção do CAAR, que pode ultrapassar os dois mil reais, vem atraindo quem deseja atuar na tecnologia aplicada ao agronegócio.

Com isso, o agronegócio brasileiro segue na vanguarda, aplicando os instrumentos de ponta e a tradição de trabalho, produtividade e pioneirismo que mantém o país sempre em destaque na produção e exportação de gêneros alimentícios.

Marcelo Sá – jornalista/editor (MTb 13.9290)  

 

 

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