Equipamento que mede a água infiltrada no solo chegará ao mercado

O novo permeâmetro avalia a condutividade hidráulica do solo, ou seja, mede a capacidade da água fluir dentro do solo, por meio de recursos digitais e um microcomputador de baixo custo. Foto; Divulgação

Tecnologia que mede a capacidade da água fluir no solo está próxima de ser disponibilizada ao setor produtivo

A SNA, em conversa com Embrapa Solos, apurou que está em andamento esse processo tecnológico juntamente em parceria com o Centro Brasileiro de Pesquisa Físicas (CBPF).  O permeâmetro digital despertou o interesse da empresa Falker que deverá embarcá-lo em mais de um produto para diagnóstico de solos. A empresa espera ter um protótipo dentro dos próximos meses e, logo em seguida, pretende disponibilizar versões comerciais.

O permeâmetro é o tipo de equipamento mais usado no mundo para avaliar a condução da água nos solos. A tecnologia desenvolvida pela CBPF e pela Embrapa faz a coleta de dados digitalmente usando um computador de baixo custo.

Economia de tempo e maior precisão

A avaliação da condutividade hidráulica do solo é um trabalho demorado, que depende de um técnico treinado para fazer a coleta. O novo permeâmetro automatiza essa coleta dos dados de fluxo de água pelo solo e registra o seu tempo. Com esses dados, a geometria do aparelho e do poço escavado, é possível estimar com precisão a condutividade hidráulica do solo.

O equipamento registra os dados em um cartão de memória. A tecnologia permite acompanhar as avaliações e registrar os dados em um telefone celular por conexão bluetooth. Não é necessário o uso de um laptop no campo. Estudos de validação e comparação com equipamentos manuais já foram feitos e serão validados em outros solos e regiões do Brasil.

O engenheiro Marcio Albuquerque, CEO da Falker acredita que o resultado desse projeto pode gerar um material que complemente a linha de produtos da empresa. Os diagnósticos relacionados à física do solo são complementares ao que já trabalhamos, informa. Ressalta, ainda, que a empresa é atualmente a principal fabricante nacional de penetrômetros, outro equipamento também voltado à análise de solos.

Com esse aparelho, o técnico, que nos métodos convencionais fica por horas anotando os valores de fluxos, é liberado para fazer outras avaliações e coletas, aumentando o rendimento e a eficiência do trabalho no meio rural. Além disso, o equipamento tem uma precisão de leitura de milímetros e um registro de tempo de décimos de segundo, o que aumenta a precisão dos dados coletados. O progresso do novo dispositivo vem do fato de as medidas serem obtidas digitalmente.

“Profissionais ligados à engenharia ambiental têm uma grande demanda dessas análises para construção de aterros sanitários, por exemplo. Na área da hidrologia, os dados são usados no cálculo de recarga de aquíferos”, declara o pesquisador da Embrapa Wenceslau Teixeira, ressaltando que a condutividade hidráulica é um parâmetro bastante raro, porque a sua avaliação é bastante morosa. “A minha expectativa é que, com um equipamento com custos reduzidos em relação aos importados e com coleta automática, com redução do esforço, nós podemos aumentar a disponibilidade desse parâmetro e difundir o seu uso em outros projeto”, prevê o cientista.

A parceria entre a Embrapa, a CBPF e a Falker visa transformar um protótipo de pesquisa em um produto comercial, o que requer adequá-lo às linhas de produção, testar sua robustez, além de realizar os procedimentos de calibração e manutenção, o design e a capacidade de chegar ao consumidor final, entre outras questões que surgem no desafio da inovação tecnológica.

“A Falker identificou o potencial da técnica que publicamos e, em colaboração com a Embrapa Solos, estamos desenvolvendo um equipamento inovador, funcional e economicamente viável. Isso é um exemplo claro de pesquisa e desenvolvimento (P&D)”, diz o pesquisador do CBPF Geraldo Cernicchiaro. Ele conta que a Embrapa Solos e o CBPF têm um longo histórico de parceria, entre elas um método e um dispositivo de avaliação de propriedades físico-hídricas do solo.

“Queremos levar ao mercado um produto que possa ser usado não apenas por pesquisadores, mas por consultores, agrônomos e, futuramente, também pelos próprios produtores”, declara o CEO da Falker.

Marcelo Sá – Jornalista (MTb 13.9290)

 

 

 

 

 

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