A população global está projetada para ultrapassar os 8,6 bilhões de habitantes em 2032, segundo dados da FAO, trazendo impactos significativos na demanda por alimentos, pressionando a necessidade de produção agrícola na direção da eficiência e sustentabilidade. Preços precisam ser acessíveis às populações para se atingir índices menores de fome no mundo e por outro lado tem-se os desafios do aumento do custo de produção.
A urbanização modifica padrões alimentares gerando novos desafios e oportunidades no âmbito da produção e distribuição de alimentos, com consumo crescente por alimentos processados, de fácil preparo ou ainda alimentos prontos para o consumo, o que impacta diretamente a cadeia de fornecimento.
Em paralelo cresce a preferência por alimentos saudáveis e sustentáveis. Aliado a isso, a transparência na comunicação e na origem do produto são fatores que devem influenciar cada vez mais os consumidores no ato da compra. Portanto, maiores investimentos em rastreabilidade, embalagens chamativas e ecológicas devem ser pauta de discussão para empresas do setor.
No que se refere aos grupos de alimentos consumidos ao redor do mundo, a FAO projeta que o consumo de alimentos básicos (em maioria, carboidratos), deve crescer em 4% nos próximos 10 anos, impulsionando as demandas por grãos como arroz, milho, trigo e outros, o que abre oportunidades para produtores desses segmentos. O consumo de cereais e alimentos básicos deverá crescer em países em desenvolvimento, principalmente nos continentes asiático (liderados pela Índia) e africano.
Já no consumo de produtos de maior valor agregado, como proteínas animais e produtos lácteos, representantes da Ásia também marcam presença. Nas carnes e peixes, a China emerge como a principal nação responsável pelo crescimento do consumo nesses mercados, com expectativa do gigante asiático representar 50% do adicional consumido no mundo. Já nos lácteos, a Índia, líder na produção e consumo global de leite, deve despontar como o representante principal do crescimento do consumo, com aproximadamente metade do total acrescido globalmente.
Nas comércio global de produtos do agro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta que até 2032 haverá um crescimento de 22,9% nas transações de soja; de 21,0% no milho; e de 23,3% no algodão. Nestas três culturas, o Brasil deve responder por 61,0%, 31,0% e 25,0% do mercado global, respectivamente, em uma década. Pode ser conservadora esta participação do Brasil pois o país já está perto destes números.
Produção no Brasil
No Brasil, o estudo “Projeções do Agronegócio Brasileiro”, de autoria do Ministério da Agricultura e Pecuária, aponta que a produção de grãos deverá crescer 24,1% até 2032/33, saindo das atuais 315 para 390 milhões de toneladas. Já a área plantada de grãos deve ir de 77,5 para 92,3 milhões de hectares, alta de 19,1% no período, lembrando que boa parte deste crescimento deve vir da conversão de pastagens em lavoura e de áreas de 2ª safra (sucessão de cultivos).
Ao analisar as tendências demográficas e as mudanças nos hábitos alimentares, torna-se evidente que a demanda por alimentos nos próximos 10 anos será desafiadora, mas também repleta de oportunidades. Portas se abrem para o mercado de alimentos saudáveis e de processados,gerando atração de investidores e oportunidades de empregos. As exportações seguirão como um caminho rentável para pecuaristas. E mais do que nunca, os vitoriosos nesse mercado desafiador serão os que aplicarem uma gestão e planejamento de forma eficiente e olharem para o futuro como uma oportunidade, e não como obstáculo. O mundo hoje se preocupa com o abastecimento alimentar (“food security”) e o Brasil tem o grande privilégio de sentar sobre uma fábrica de comida!