A revelação foi feita por Moacyr Saraiva, do IBRAF (Instituto Brasileiro da Fruta), na abertura do III Simpósio Brasileiro de Pós-colheita de Frutas, Hortaliças e Flores, em Nova Friburgo (RJ).
Ao falar sobre as demandas do setor produtivo para pesquisas pós-colheita, Saraiva colocou em primeiro lugar a necessidade de soluções para a diminuição de perdas, cuja média nacional é de 31% (perde-se quase um terço da produção), com o morango batendo nos 40% e a banana chegando a 42%.
“Joga-se fora US$2,3 bilhões por ano, sem falar nos mercados externos que não aceitam produtos que não atendem aos padrões de qualidade estabelecidos. Não são apenas perdas de volume de produção, mas também perdas de qualidade: aparência, sabor, etc.”, afirmou o especialista.
Segundo ele, a maior parte do grande volume de perdas ocorre após a produção, por falta de conhecimento e condições para a adequada seleção, classificação e embalagem das frutas.
Saraiva dise ainda que o transporte em condições incorretas, sem refrigeração, a exposição inadequada nas gôndolas dos pontos de venda e o excessivo manuseio das frutas pelos consumidores, são fatores que também contribuem para agravar o problema.
O palestrante referiu-se ainda à necessidade de pesquisas para incluir e qualificar a produção dos pequenos produtores, citando como exemplo as casas de embalagem (packing houses) coletivas ou comunitárias, nas quais os produtores de uma localidade podem selecionar, classificar e embalar adequadamente seus produtos.
Além disso, Saraiva defendeu a realização de pesquisas a fim de viabilizar o sensoriamento para a detecção de má formações em grandes volumes de produção, e para a oferta de embalagens adequadas, de baixo custo, que evitem perdas de volume e qualidade.
Organizado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), Nova Friburgo foi escolhida para sediar o Simpósio e o VI Encontro Nacional de Processamento Mínimo de Frutas e Hortaliças, por ser o segundo pólo nacional de produção de hortaliças. A escolha também representou uma iniciativa com o propósito de contribuir para a recuperação da região, abalada pelas chuvas do início do ano.
A diversificada agricultura do município tem forte produção de hortaliças, flores, frutas e peixes, porém carece dos conhecimentos de pós-colheita que evitem perdas e possibilitem maior agregação de valor.
O Secretário de Agricultura do município, Roosevelt Consi, reconheceu esta situação: “Estamos preocupados e começando a discutir como mudar este estado de coisas, para evitar que ocorram perdas de 30% a 40% por falta desses conhecimentos que a Embrapa e os pesquisadores de outras instituições dispõem”.
Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos