A Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite) pediu que o governo adote medidas estruturantes de médio e longo prazo para a cadeia leiteira, em meio à crise de baixos preços pagos ao produtor e ao aumento expressivo das importações de lácteos.
O pleito foi levado pelo Presidente da associação, Geraldo Borges, ao Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em reunião com mais de 30 entidades do setor na noite de ontem. “Há necessidade de ações estruturantes, além das já anunciadas que são bem-vindas pelo setor. Não podemos ficar só resolvendo paliativamente. Ações para aumentar a produtividade e, consequentemente, a competitividade”, disse Borges a jornalistas após a reunião.
Essas medidas estruturantes passam pela agenda de competitividade, disse o Presidente da Abraleite. “Precisamos não só de medidas a curto prazo, para se resolver a crise que se instalou em decorrência das importações predatórias recordes, mas que também possa se desenvolver por meio do grupo de trabalho interministerial ações estruturantes com o setor privado para que tornemos o País mais competitivo”, afirmou o presidente da Abraleite. Borges disse que Fávaro se mostrou interessado em continuar a trabalhando a pauta do setor leiteiro com o grupo interministerial.
Segundo Borges, um dos objetivos do setor é inserir o leite na pauta das exportações brasileiras. “Queremos é que o País passe não só a abastecer a população, mas também exportar o excedente. Hoje, estamos correndo risco de desabastecimento no médio prazo, pelo fato de que o Brasil está voltando a ser dependente das importações”, indicou. Segundo dados da Abraleite, as importações passaram a responder entre 11% e 12% do leite consumido no País em relação a 3% da média histórica. “Já tivemos essa situação no passado, quando o Brasil importava 30% do que consumia. Isso é uma ameaça”, indicou, acrescentando que a importação não diminuiu os preços pagos pelo consumidor no varejo.
No último mês, o governo anunciou destinação de R$ 200 milhões para compras públicas de leite em pó e elevou alíquotas de importação de lácteos fora do MERCOSUL como medidas emergenciais de socorro ao setor leiteiro.