Dólar fecha em baixa em reação ao exterior e ao movimento dos juros futuros

O dólar fechou a sexta-feira em baixa, acumulando uma queda na semana, com as cotações reagindo ao cenário externo, onde a moeda norte-americana também cedia, e a ajustes de posições no mercado de Depósitos Interfinanceiros (DIs), com investidores à espera da reunião do COPOM na próxima semana.

O dólar fechou o dia cotado a R$ 4,7310 para a venda, em baixa de 0,59%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou uma queda de 1,02%.

Na B3, às 17h20 (Horário de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em baixa de 0,30%, cotado a R$ 4,7315.

O dólar se manteve em baixa durante toda a sessão. Pela manhã, a moeda registrou a mínima do dia a R$ 4,6970, sob influência do exterior e de fatores internos.

Segundo Eduardo Moutinho, analista da Ebury, após as decisões mais recentes de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central Europeu, os mercados passaram a focar em um cenário de maior aceleração da economia global e desaceleração da inflação.

“Uma fala importante do Presidente do Fed, Jerome Powell e que reflete hoje e provavelmente nos próximos meses é a de que o cenário de recessão não é mais o cenário base das autoridades. Isso faz com que o ambiente de risco global seja melhor e, quando juntamos com desaceleração da inflação nas principais economias, temos um cenário muito positivo para as moedas commodities”, indicou Moutinho.

Na última quarta-feira, Powell afirmou que a equipe do Fed não prevê mais uma recessão nos EUA.

Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que a inflação norte-americana medida pelo índice de preços PCE subiu 0,20% no mês passado, após avanço de 0,10% em maio, informou o Departamento de Comércio dos EUA.

Nos 12 meses até junho, o índice avançou 3%, a menor taxa nessa base de comparação desde março de 2021 e após aumento de 3,80% em maio.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o PCE subiu 0,20%, após alta de 0,30% no mês anterior. Isso reduziu o aumento na base anual do chamado núcleo do PCE para 4,10%, a menor alta desde setembro de 2021, de 4,60% em maio.

Economistas consultados pela Reuters estimavam que o núcleo do índice de preços do PCE subiria 0,20% no mês e 4,20% na comparação anual.

“Ambos os dados vieram dentro das expectativas. Caso o índice mantenha essa trajetória baixista até a próxima reunião do FOMC, a tendência é de não termos mais elevações na taxa de juros”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. “Esse dado de hoje deve influenciar positivamente a decisão da autoridade monetária.”

Nesta semana, o Federal Reserve elevou os juros em 0,25%, em linha com o esperado. Embora tenha deixado a porta aberta para mais ajustes, a maioria dos mercados acredita que o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos já acabou. Isso torna a perspectiva de retorno de investimentos em renda fixa denominados em dólar menos atraente, o que pode levar a um redirecionamento de dinheiro para praças mais rentáveis, como os mercados emergentes.

No exterior, as 17h20 (Horário de Brasília), o Dólar Índice estava em leve queda de 0,05%, cotado aos 101.640 pontos.

Enquanto isso, no Brasil, investidores continuavam apontando maior otimismo sobre o ambiente de negócios, em meio ao avanço de pautas como o arcabouço fiscal e a reforma tributária no Congresso e depois que a agência de classificação de risco Fitch elevou nesta semana a nota de crédito soberano do Brasil a “BB”, contra “BB-” antes, com perspectiva estável.

Agora, o mercado fica à espera da reunião de política monetária do Banco Central, que se encerra na quarta-feira da semana que vem, com ampla expectativa de um afrouxamento dos juros.

A alta das taxas dos contratos futuros de juros nos vencimentos curtos, com investidores reduzindo a probabilidade, implícita na curva de corte de 0,50% da Selic na próxima semana, contribuiu para a queda do dólar.

No restante da manhã e durante a tarde, porém, a moeda norte-americana à vista reduziu as perdas, com alguns participantes do mercado aproveitando as cotações mais baixas para comprar a divisa. A disputa pela Ptax de fim de mês, a ser definida na segunda-feira, também já começou a influenciar os negócios nesta sexta-feira.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Fonte: Reuters
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