Maior oferta de carne pode vir de aumento na produtividade do rebanho, diz pesquisador

No momento, o cenário da pecuária no Brasil enfrenta um movimento típico de safra e entressafra. Os preços caem em decorrência de um desequilíbrio entre a demanda desestabilizada e a oferta, já que a produtividade das passagens atinge o pico nos meses de janeiro e fevereiro, sendo o melhor momento para a produção do boi a pasto.

De acordo com Sérgio de Zen, pesquisador do Cepea, “existem questões pontuais que podem afetar isso, mas no geral, é o comportamento esperado para essa época”. O jogo, segundo ele, começa a mudar nos meses de março e abril, quando o boi a pasto chega a seu ponto máximo.

No mês de maio, os produtores tradicionalmente tomam a decisão entre vender seu boi ou suplementar com o confinamento. Neste momento, dois fatores entram para a tomada de decisão: os preços no mercado futuro e os custos necessários para manter o boi. Em julho e agosto, normalmente, os preços começa a reagir. Em setembro, até meados de novembro, o boi confinado entra no mercado, mas a oferta de pasto praticamente zera.

Por outro lado, a demanda entra bastante enfraquecida no ano, em decorrência das férias, fazendo, segundo de Zen, “com que as pessoas se movimentem e o consumo fique prejudicado”.

O pesquisador lembra ainda que “é preciso ter em mente que a demanda do Brasil encolheu muito” com a recessão que paira sobre o cenário econômico desde 2015. Ele aponta que neste ano a economia dá sinais de que irá recuperar. Nesse aspecto, 2017 não deverá ser um ano de encolhimento e, sim, de acréscimo no consumo.

Janelas de oportunidade

Ainda não é possível, portanto, saber qual será o comportamento fechado das economias local e global, principalmente por conta do fator Trump, que ainda é uma incerteza para os mercados. Janelas de oportunidades pontuais são possíveis de ocorrer por conta de ações do presidente americano.

As relações desestabilizadas com países como o México e a China podem fazer com que esses países busquem importar não somente carne bovina, mas também outros produtos de proteína animal e do agronegócio, no Brasil.

Conselho para os produtores

Para esse momento incerto, de Zen diz que os produtores devem aproveitar para calcular seus custos e tomar decisões em um horizonte no qual tenha a certeza de estar prevenido. “Não dá para fazer investimentos pesados de uma hora para a outra sem saber se vão gerar rendimento. Tem de olhar para o longo prazo”, aconselha.

Ele acrescenta que “o Brasil continua a ser o único país que tem capacidade de ofertar a carne necessária para o mundo”, mas que a gestão ainda é um gargalo, necessitando de decisões mais acertadas para fatores como genética, estrutura, animais e suplementação.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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