Até 57% dos produtores de café conilon em Espírito Santo apontaram quebra entre 30 a 80% em suas produções neste ano. O percentual é alarmante e foi indicado pelos próprios cafeicultores durante a pesquisa CaféPoint Colheita Cafeeira Safra 2016. O levantamento levou em consideração mais de 500 respostas enviadas de diversas regiões produtoras, além de comentários e fotos obtidos de quem vive o dia a dia do campo.
“É preciso verificar o quanto o clima afeta a safra e estudar as melhores maneiras de prevenção e tratos”, pondera a diretora de Conteúdo da Café Editora, Mariana Proença, que apresentou os dados da pesquisa durante o Fórum da Agricultura Sustentável, na Semana Internacional do Café (SIC). O trabalho contou com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que fez uma análise dos resultados a ser publicada em breve.
Espírito Santo: seca prolongada
Com base em depoimentos de produtores que o site CaféPoint acompanhou, a crise hídrica afetou o estado que mais produz conilon no Brasil, o Espírito Santo. Em outubro de 2015, o estado capixaba chegou a restringir o uso de água na agricultura. “Cultivo o conilon no norte do Espírito Santo e, como se sabe, a crise hídrica assolou a região como um todo. Os muitos problemas na captação de água para irrigação afetaram as plantas e os frutos, caindo em qualidade e quantidade, resultando numa quebra de safra em média de 40%”, afirmou Renato Zacche Ramos, ainda no mês de julho de 2016.
Ao fim da pesquisa, 98% dos produtores do estado afirmavam que o volume de chuvas havia ficado abaixo da média durante o enchimento dos grãos. “Inúmeras lavouras já estão tão depauperadas que torna-se inviável sua recuperação. A seca sentida agora, infelizmente, ainda será lembrada pelos próximos anos”, avaliou o produtor Aylton Piona Coutinho Junior, do município de João Neiva. O resultado é que o nível de satisfação dos produtores capixabas de conilon foi o mais baixo em relação a todas as outras regiões produtoras avaliadas, ficando 89% deles insatisfeitos.
Sul de Minas: chuvas na colheita
Já na maior região produtora de arábica do País, cafeicultores vivenciaram uma boa safra em volume, mas com preocupação no que se refere à qualidade. “Aqui no sul de Minas, Muzambinho foi um desastre. Com as chuvas, caíram 30% dos frutos no chão, fora a chuva de granizo. O café passou de verde para maduro, perdendo a qualidade”, relatou o produtor Ricardo Luiz Campedelli.
As chuvas durante a colheita foram registradas por 65% dos produtores do sul de Minas ainda quando seus cafés ainda estavam na lavoura, apontou a pesquisa. O fato acarretou em queda de frutos no chão em cafezais de diversos municípios. A amostragem revelou que 48% dos produtores tiveram de recolher entre 16% e 30% de seu café do chão.
Os dados completos serão disponibilizados, em breve, no site CaféPoint. Acesse aqui a apresentação feita durante a Semana Internacional do Café (SIC), no último dia 22 de setembro, em Belo Horizonte (MG).
Fonte: CaféPoint