1 – Hoje, é dia de Equinócio. Serão doze horas de luz e doze de noite no Brasil, Rússia, México, Austrália, Polo Sul, Japão e em todo e qualquer lugar do planeta. No Equinócio, o dia é igual à noite. Equi (igual) Nox (noite). Dia de equilíbrio (aequilibrium), Equi (igual) Libra (balança). Esse equilíbrio cósmico deveria inspirar o humano. Muito necessário ao Brasil.
2 – Como equilibrar a balança humana? Com quais pesos e contrapesos? Libra, o signo astrológico, a balança, em latim também significa peso e valor. Como ainda hoje uma libra (0,45 kg) ou a moeda britânica, a libra esterlina (6,8 reais), uma das mais valiosas do mundo.
3 – O fato cosmológico lembra o necessário equilíbrio a todos e a Igreja católica associou à data do Equinócio a pessoa de São José. Ele é festejado no 19 de março. Ele é um dos personagens mais equilibrados da Bíblia, o vir justus (Mt 1,19). Esse pai soube retirar-se e deu espaço na vida familiar à sua esposa Maria e ao filho Jesus. Dar espaço ao outro e à sua realização plena. Não oprimir, nem comprimir família e amigos.
4 – No Equinócio, ao meio-dia, os postes não terão sombra nas redondezas de Macapá. Nesse dia, o sol percorre ou traça no solo do planeta a linha do Equador. Outra igualdade. Em latim vulgar, equador (aequator) significava “tornar iguais dias e noites” do latim aequare, tornar igual. No Equinócio, o sol nasce exatamente no ponto cardeal Leste e não apenas a Leste, como todos os dias. Idem no poente, ocaso no exato ponto cardeal Oeste.
5 – De amanhã em diante e por 6 meses, o sol estará a pino no hemisfério Norte, deslocando-se para o Trópico de Câncer, “afastando-se” do Brasil. O outono, com dias cada vez mais curtos, trará queda das temperaturas, frentes frias mais potentes e redução das chuvas. Até o final de junho, quando o sol traçará o Trópico de Câncer, no solstício de inverno, o mais curto do ano. Mas isso é outra história.
6 – O clima nas regiões tropicais é um relógio: chove no verão e o auge da seca é sempre no inverno. Independentemente da pluviometria local. O clima tropical não é a incerteza apregoada por alguns. Ele é sim, muito previsível.
7 – Na zona tropical, o máximo de chuvas segue a passagem do sol pelo zênite. No Brasil, o zênite estival começa no Trópico de Capricórnio, final de dezembro. Chove muito no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro entre dezembro e janeiro. O pico de chuvas estivais “sobe” em direção ao norte, acompanhando o sol. No Brasil Central, as águas de março fecham o verão.
8 – Em boa parte do Nordeste, o máximo da chuva é na transição para abril. Se até o dia de S. José, no equinócio, não chover, o sertanejo perde a esperança como na canção Triste Partida, de Luís Gonzaga.
9 – As dificuldades climáticas da soja e outros grãos em algumas regiões neste verão não se repetirão no milho de segunda safra. Os agricultores plantaram milho para garantir uma safra de mais de 100 milhões de toneladas. Face à eventual falta de chuva, quem cuida bem da palhada e dos solos terá vantagens no milho: enraizamento profundo, boa armazenagem de água, poucas perdas por escorrimento e evaporação.
10 – Os preços do milho estão razoáveis e estáveis. Bom para suinocultores e avicultores, para indústria de alimentos e os consumidores. Não faltará pipoca, milho assado, curau, mungunzá, cuscuz, pamonha, cerveja e fubá nas festas juninas. Nem etanol. Tudo movido a milho e a trabalho.