Dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MICS) mostram que o saldo comercial de julho passado foi o maior para esse mês desde 2006. O superávit de US$ 4,58 bilhões superou o de julho de 2015 em US$ 2,19 bilhões, representando um crescimento de 91,8%. Desde o início da série histórica, em 1997, esse é o terceiro maior superávit para o mês, sendo inferior apenas aos saldos comerciais de 2005 (US$ 5,0 bilhões) e de 2006 (US$ 5,7 bilhões).
Esse superávit esconde, todavia, reduções de 11,9% nos valores de exportação e de 27,2% nos valores de importação, em relação a julho de 2015. No total, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 16,33 bilhões no último mês, enquanto as importações atingiram US$ 11,75 bilhões – o menor valor desde 2009. Essas reduções ocorreram por conta da queda no comércio tanto de produtos industriais quanto do agronegócio.
Os 15 produtos do agronegócio brasileiro mais exportados atingiram US$ 6,5 bilhões em vendas no último mês, 39,9% do total, revela a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Esse número foi 15,1% inferior ao do mesmo período de 2015. Entre as principais mercadorias do setor, cresceram as exportações de açúcar refinado (52,7%, atingindo US$ 200 milhões), açúcar em bruto (44,6%, ou US$ 863 milhões), fumo em folhas (7,3%, US$ 192 milhões), etanol (5%, US$ 105 milhões) e madeira serrada (4,9%, US$ 43 milhões). Por outro lado, as importações de alimentos e bebidas destinados à indústria e ao consumo cresceram 11,1% entre julho de 2015 e julho de 2016, mas seu valor total foi de apenas US$ 851 milhões no mês passado.
A redução nas exportações do agronegócio não significa, todavia, que o setor esteja perdendo sua vocação exportadora. No acumulado do ano (janeiro a julho), as vendas externas dos quinze principais produtos do agronegócio atingiram US$ 43,2 bilhões, 2,7% superiores às do mesmo período de 2015. Das 15 principais cadeias, oito apresentaram crescimento nas exportações e sete apresentaram retração. Dentre os setores cujas vendas retraíram, destacam-se os de café em grão e couros e peles.
No caso do café em grãos, essa redução é motivada pela redução na produção de 2016. Já o setor de couros e peles ampliou a quantidade de material embarcado para o exterior, mesmo com diminuição no valor exportado. Este desempenho pode ser justificado por três fatores: variação na produção interna, fatores conjunturais e, ainda, a alteração no período de vendas de certos produtos.
A soja em grãos é um bom exemplo desse último processo. Principal produto da pauta exportadora brasileira, suas vendas externas atingiram US$ 2,43 bilhões em julho de 2016, uma queda de 24,8% em relação às exportações de julho do ano passado. Apesar disso, no acumulado do ano, produtores brasileiros de soja já arrecadaram US$ 16,32 bilhões com as vendas do produto a clientes estrangeiros, 3,5% a mais que nos primeiros sete meses de 2015. Essa situação ocorre porque, entre outubro e dezembro de 2015, um crescimento nos valores internos do produto ampliou seus contratos futuros e, assim, levou a uma antecipação nas vendas da commodity neste ano.
No gráfico abaixo, é possível notar que as exportações dos 15 principais produtos do agronegócio estiveram superiores aos do ano passado, principalmente nos meses de março, abril, maio e junho. Ainda que essa diferença tenha se reduzido em julho, as exportações do top 15 se mantêm superiores às de 2015.
Exportações acumuladas – 2015 e 2016
Fonte: SECEX/MICS │ Elaboração: SRI/CNA
Dessa forma, apesar de uma queda nas exportações mensais, as vendas externas do agronegócio brasileiro seguem crescendo no acumulado do ano. Essa situação se deve, principalmente, à antecipação na venda de produtos importantes para o setor, como no caso da soja em grãos. De todo modo, o agronegócio segue com a principal parcela das exportações brasileiras, gerando desenvolvimento para o país e emprego a milhões de brasileiros mesmo em tempos de crise.
Fonte: Assessoria de Comunicação/CNA