As exportações do arroz brasileiro estão pautadas na qualidade do grão. O produto não é o mais barato no mercado internacional, mas um dos melhores, com excelentes propriedades de cocção, sabor e translucidez, além de ser livre de defensivos agrícolas e do trabalho escravo. A constatação é de Gustavo Ludwig, gerente do Projeto Setorial Brazilian Rice.
“O mercado internacional reconhece a qualidade do nosso produto. O Peru, mercado que conhece arroz e compra qualidade, é o nosso principal destino para arroz beneficiado. Já os Estados Unidos, que é um grande concorrente, vem importando cada vez mais o cereal brasileiro”, destaca o executivo.
Ele informa que, “neste ano, participamos da rodada de negócios internacional, em maio, durante a Expoarroz, em Pelotas (RS), quando fechamos esse evento, projetando US$ 13,4 milhões em negócios para os próximos 12 meses, com um grupo seis de importadores da Gâmbia, EUA, Bolívia, Bélgica e México”. Na Expoarroz 2016, a rodada resultou em R$ 7,8 milhões em futuros negócios.
Conforme a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), a qualidade do produto brasileiro é um diferencial no comércio mundial, com presença consolidada em mais de 70 países da África, América do Sul, Caribe, Oriente Médio e Europa. Os produtos exportados daqui são quebrados de arroz (35%), arroz parboilizado ou integral/esbramado (35%) e arroz branco polido e/ou em casca (30%).
PARCERIA
Fundado em 2012, o Brazilian Rice é uma parceria da Abiarroz com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), para incentivar às exportações de arroz beneficiado em contêineres. O foco do trabalho é a capacitação empresarial, a imagem do Brasil e, principalmente, a promoção comercial do arroz brasileiro. No ano passado, por exemplo, participou de feiras em quatro países.
Em 2017, o projeto também estará presente em feiras nos EUA, Peru e Arábia Saudita, montando estande coletivo para as empresas associadas exporem seus produtos e gerarem novos negócios. Ludwig acrescenta que estes são mercados prioritários para o Brasil, além de Panamá, Angola e África do Sul.
Há outras negociações estão em andamento, pois, segundo o executivo, todas as 30 empresas associadas à Abiarroz mantém relações comerciais com importadores, independentemente do envolvimento do projeto.
“Ao final deste ano, vamos negociar a renovação do projeto junto à Apex-Brasil e teremos muita inovação no que diz respeito à capacitação e às certificações para apresentar ao setor”, anuncia o executivo.
SAFRA BRASILEIRA
O oitavo levantamento de arroz da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2016/17, indica redução na área plantada de 2,3% em relação à safra passada, em decorrência da redução das áreas de cultivo de sequeiro. Ao contrário, há um aumento do plantio irrigado, o que explica a estimativa de aumento de produtividade em 15,5%. A produção deve chegar a 11.968,1 mil toneladas, um incremento de 12,8% em relação ao ciclo anterior.
Segundo a Conab, apesar da queda na área de sequeiro (17,6%), a retomada da semeadura nas áreas irrigadas (4,3%) e as condições climáticas favoreceram a região produtora resultando em 11,96 milhões de toneladas de produção.
A região Sul responde por 81,6% da produção nacional e deve ter 1,9% de incremento de área em relação à safra anterior, conforme a estatal. Cerca de nove milhões de toneladas de arroz são colhidas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de onde sai o cereal para exportação. O restante da safra nacional, cultivado nas demais regiões, é direcionado ao consumo interno.
Dados da Abiarroz indicam que 40 mil produtores cultivam perto de 2,4 milhões de hectares de arroz por ano, em 500 municípios, destaque para a Região Sul com 25 mil rizicultores em mais de 200 municípios.
Segundo a Associação, o Brasil é um grande produtor e consumidor de arroz (atrás da Ásia). A demanda interna anual do país é de aproximadamente 12,14 milhões de toneladas do produto beneficiado. Para este ano, a Conab estima um consumo ao redor de 11,5 milhões de toneladas, devido a uma oferta interna do grão mais restrita e ao cenário econômico brasileiro.
Dados oficiais ainda apontam que o Brasil possui 1,1 mil indústrias processadoras de arroz, sendo que 70 são de médio e grande porte e atendem 85% do consumo doméstico; e cerca de 40 empresas realizam exportações.
VENDAS EXTERNAS
Em 2016, o Brasil exportou 697,94 mil toneladas de arroz, segundo o sistema AliceWeb do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Esse volume é inferior à temporada anterior e reflete a queda de produção da safra 2015/16, devido ao fenômeno El Niño, que causou redução de 14% na colheita do Rio Grande do Sul, maior produtor deste cereal do país. No período, a receita com as vendas externas totalizou US$ 251.940,76.
Nos últimos cinco anos, o Brasil exportou 1,2 milhão de toneladas de arroz, em média, ultrapassando 2,07 milhões de toneladas em 2011. A Abiarroz acredita que o país pode ampliar rapidamente a oferta do grão, frente à demanda mundial, apoiado na alta tecnologia empregada nos processos industriais.
Por equipe SNA/SP