Lucro das empresas agrícolas cresce e aponta ano favorável

As turbulências no mercado internacional de grãos, deflagradas pela quebra de safra na Argentina e potencializadas pela briga entre Estados Unidos e China, beneficiaram as empresas agrícolas brasileiras com ações negociadas em bolsa.

Os resultados obtidos por SLC Agrícola, Terra Santa e BrasilAgro no primeiro trimestre de 2018 mostraram aumento de receita e rentabilidade, e a boa fase deverá continuar no restante do ano, segundo executivos do segmento.

Isso porque boa parte dos custos já está definida para a safra 2018/19 e há indicativos de que as cotações permanecerão mais elevadas nos mercados internacionais. A alta do dólar também deverá ter reflexos positivos, dado o peso das exportações no mix de negócios.

Afora a valorização de soja e milho na bolsa de Chicago, a escalada do algodão em Nova York, motivada pela demanda aquecida pela fibra, também contribuiu para os resultados das companhias brasileiras nos primeiros três meses do ano.

Com o cenário mais favorável, a SLC Agrícola registrou lucro de R$ 169.3 milhões no intervalo, mais que o dobro que de janeiro a março de 2017. A receita líquida subiu 21% na mesma comparação, para R$ 423.3 milhões.

Nesta safra 2017/18, a empresa trabalhou em uma área de 404.500 hectares, 2,9% maior que o do ciclo passado. A soja ocupou 56,9% do total, o milho ficou com 19% e o algodão, com 23,5%.

Os resultados da Terra Santa também apontaram para um 2018 promissor. A companhia registrou lucro de R$ 38 milhões, com alta de 31,5% na comparação anual. O resultado foi puxado por uma produtividade das lavouras de soja acima da média em Mato Grosso, onde está concentrado seu plantio.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam rentabilidade de 55,1 sacas por hectare, enquanto a produtividade da Terra Santa ficou em 59,3 sacas.

“É o nosso segundo ano de produtividade muito acima da média do estado, o que indica uma virada operacional concretizada e consolidada”, disse, em teleconferência, José Humberto Prata Teodoro Júnior, que preside a companhia desde fevereiro. O executivo substituiu Arlindo Moura, que permaneceu cinco anos na presidência e agora seguirá no conselho de administração.

Considerando todas as culturas, a área plantada da Terra Santa atingiu 176.900 hectares em 2017/18 – 5% menor que em 2016/17. A redução decorreu da não renovação do arrendamento de 7.900 hectares cujas condições não estavam favoráveis

A melhora dos resultados operacionais motivou uma alta de 5,6% das ações na Bovespa na quinta-feira, dia seguinte da divulgação do balanço.

A BrasilAgro também tem motivos para comemorar. Reportou lucro de R$ 54 milhões de janeiro a março (terceiro trimestre de seu exercício 2017/18), quase 12 vezes superior ao do mesmo período de 2017. A companhia concentra o foco no desenvolvimento de terras agrícolas no Brasil e no Paraguai.

Em 2017/18, a BrasilAgro semeou 102.194 hectares, incluindo grãos, cana e pastagens, um incremento da ordem de 15% em relação a 2016/17. Cerca de 35% do total foi destinada aos grãos, principalmente soja.

A boa fase deverá perdurar nos próximos trimestres. Aurélio Pavinato, presidente da SLC, disse em teleconferência que “o nosso ano de 2018 está encaminhado e 2019 está com um desenho favorável”.

Boa parte dos custos da empresa com insumos – que sofreram fortes ajustes para cima, em parte devido a restrições ambientais chinesas, já estão praticamente definidos para a safra 2018/19. E parte da produção da temporada 2018/19 já foi comercializada.

Na mesma linha, o presidente da Terra Santa também afirmou que a companhia está “aproveitando o bom momento para capturar o lucro da safra que vem”.

 

Fonte: Valor Econômico

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