Livres das celas?

Grandes produtores suínos anunciam progresso em aumentar restrições ao uso de celas de gestação. O que isso significa para o Brasil?
Grandes produtores suínos anunciam progresso em aumentar restrições ao uso de celas de gestação. O que isso significa para o Brasil?

No mês de janeiro, produtores suínos de peso fizeram importantes anúncios que sinalizam progresso quanto a acabar com o uso das pequenas e restritivas gaiolas usadas para confinar matrizes suínas, conhecidas como celas de gestação.

A SmithfieldFoods, um dos maiores produtores suínos do mundo, informou aos fornecedores que, se eles fizerem planos para eliminar as celas de gestação, terão seus contratos estendidos; mas caso se recusarem a fazer a conversão para um sistema de alojamento livre de celas, será improvável que seus contratos sejam renovados. Os fornecedores terão oito anos para fazer a mudança, mas, se ela for feita em um período mais curto, resultará em melhores contratos.

Fim do confinamento
Em 2007, a empresa inovou ao anunciar que, até 2017, 100% de suas instalações próprias não mais usarão celas de gestação. Mas, enquanto a maioria das matrizes suínas na cadeia de fornecimento da Smithfield é proveniente de unidades de produção próprias, uma grande proporção ainda vem de produtores contratados. Essa lacuna significava que uma quantidade substancial de porcos na cadeia da Smithfield permaneceria em celas de gestação indefinitivamente. Assim, a empresa acaba de anunciar que corrigirá essa deficiência ao pedir que seus fornecedores também façam a conversão até 2022, e sob a especificação de que conversões mais rápidas significarão melhores contratos.

O progresso contínuo da Smithfield com relação ao fim do confinamento, por toda a vida de porcas reprodutoras, significa que outros grandes atores da indústria terão pouco espaço para manobra. Um dos maiores produtores globais está dizendo ao mundo que o abandono do uso de celas de gestação não é apenas uma aspiração, mas algo que está acontecendo, sendo economicamente viável e possível de ser atingido no curto prazo.

Poucos dias depois do anúncio da Smithfield, a Tyson Foods, grande produtor suíno norte-americano, com operações no Brasil e sede em Curitiba, também deu passos na mesma direção. A empresa, cuja produção é primordialmente realizada por fornecedores contratados e independentes, enviou uma carta para todos os atores de sua cadeia de fornecimento ressaltando a necessidade de criação de melhorias desejáveis em seu programa de bem estar animal. A carta contém vários aspectos promissores sobre diversos pontos relativos ao bem-estar animal, como o encorajamento do abandono da prática de sacrificar leitões doentes ou machucados por traumatismo causado por arremesso ou golpes; e a adoção de métodos para aliviar a dor durante os procedimentos de castração e corte de caudas.

A Tyson também abordou o confinamento em celas de gestação. “Nós acreditamos que futuros sistemas de alojamento para matrizes suínas de todos os tamanhos devem permitir que os animais sejam capazes de se levantar, se virar, se deitar e esticar suas pernas”, escreveu a empresa. A afirmação indica que as celas de gestação — que impedem a realização desses comportamentos — devem ser substituídas por sistemas de alojamento alternativos. “Nós estamos pedindo que nossos fornecedores, que administram as matrizes de propriedade da Tyson, implementem melhores condições em termos de quantidade e qualidade de espaço no design de qualquer nova instalação ou em sistemas de alojamento reformados a partir de 2014. Nós também fortemente encorajamos que os produtores suínos independentes, que vendem porcos à Tyson, melhorem o tamanho e a qualidade do espaço destinado a matrizes suínas, quando eles ou seus fornecedores de leitões reformarem ou construírem novas instalações de gestação”, completou a Tyson.

Sem sofrimento
No Brasil, uma pesquisa conduzida pelo Instituto Akatu revelou que 87% dos consumidores preferem comprar produtos que não imponham sofrimento aos animais durante a produção, se eles tiverem a escolha. A ciência prova que as celas de gestação causam uma maior predisposição das porcas vivenciarem tédio, frustração, trauma psicológico e outros problemas de saúde, como infecções urinárias e paralisias nos pés ou pernas. Ambos os fatos, se analisados de forma conjunta, fortemente sugerem que varejistas e produtores suínos brasileiros poderiam se beneficiar com a adoção de métodos de produção que não usam celas.

Para ler a matéria completa da edição 700 da Revista A Lavoura, acesse: http://issuu.com/sociedadenacionaldeagricultura/docs/a_lavoura_700

Assine e receba os exemplares da Revista A Lavoura em sua casa. Entre em contato com: assinealavoura@sna.agr.br

 

Fonte: Revista A Lavoura edição Nº 700/2014

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp