Venda de defensivos deve cair 23% neste ano

As vendas de defensivos agrícolas no País devem fechar 2015 em queda, como as projeções já vinham apontando, mas o tombo será ainda maior que o inicialmente previsto. Levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), e obtido com exclusividade pelo Valor, indica um redução de 23% na receita em dólar do setor este ano, para US$ 9.5 bilhões – a primeira baixa desde 2009.

A previsão anterior era de um recuo de 15% a 20% na comercialização do País, que é o maior consumidor global de agrotóxicos. “Revisamos nossa expectativa porque o cenário não melhorou. A dificuldade de acesso ao crédito por parte dos produtores permaneceu. Pesou também a desvalorização do real e o contrabando”, disse Silvia Fagnani, que é vice-presidente executiva do Sindiveg. No primeiro semestre de 2015, o recuo nas vendas do setor ficou em 25%, de US$ 3.6 bilhões para US$ 2.7 bilhões.

O ajuste fiscal promovido pelo governo atrasou a liberação do crédito rural, que também ficou mais caro. Além disso, o dólar firme em relação ao real encareceu os defensivos, que têm boa parte de seus ingredientes ativos importados. Conforme Silvia, a indústria não teve como repassar toda essa alta ao agricultor e provavelmente terá que recuperar essa diferença em 2016, principalmente se o dólar continuar subindo.

O contrabando, que historicamente representava 10% do mercado, também já bate na casa dos 20%, nas contas do Sindiveg. Geralmente, esses produtos saem da China e da Índia e chegam ao Brasil via Paraguai e Uruguai.

Na avaliação da vice-presidente executiva do Sindiveg, a dificuldade em se obter registros de agroquímicos no País favorece o mercado paralelo.

É o caso do benzoato de emamectina, inseticida cujo uso emergencial foi liberado na Bahia e em Mato Grosso contra a helicoverpa, lagarta que vem atacando as lavouras nas últimas duas safras. “O produto continua na fila de registro no Brasil, mas essas duas permissões abriram espaço para o mercado informal. É o produto mais contrabandeado no país nos últimos dois anos”, afirmou.

O setor de agroquímicos vinha crescendo a taxas de dois dígitos no Brasil, desacelerou um pouco no ano passado (o avanço foi de 7%), até enfrentar essa queda brusca prevista para 2015. Para Silvia, os volumes vendidos também tendem a cair: entre 15% e 20%.

Na moeda brasileira, contudo, o incremento da receita das empresas do setor estaria assegurado. Considerando a Ptax média do início deste ano até ontem (R$ 3,3164), cálculos do Valor Data apontam que os US$ 9.5 bilhões projetados pelo Sindiveg seriam equivalentes a R$ 31.5 bilhões. Em 2014, quando a Ptax média foi de R$ 2,3550, esse montante foi de R$ 28.7 bilhões.

Entre as culturas, a soja deve permanecer como a locomotiva do segmento, responsável por mais de 50% das vendas de agrotóxicos no Brasil. Na sequência, vêm milho, algodão e cana-de-açúcar, estima o Sindiveg. Na avaliação entre as categorias, também não deve haver alterações: inseticidas tendem a permanecer na liderança, seguidos por herbicidas e fungicidas.

Para o ano que vem, a perspectiva do Sindiveg é de uma estabilidade na receita do setor. “Com muito otimismo, esperamos um novo 2015”, previu Silvia.

 

Fonte: Valor Econômico

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