As aplicações de Big Data (grandes volumes de dados) no agronegócio com o objetivo de aumentar as produtividades no campo e nos processos industriais e reduzir custos são uma maneira de o Brasil manter sua vantagem competitiva no segmento. Esta é uma das constatações de uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey & Company sobre o assunto.
O estudo foi feito a partir de informações públicas e entrevistas com representantes do setor agrícola no Brasil e no exterior. Foram mapeados sete desafios do segmento, entre eles, a necessidade de se aumentar o nível de inovação, melhorar produtividades e infraestrutura, e sugeridas várias aplicações.
Além das práticas já feitas pela agricultura de precisão, como recomendações de melhor uso de sementes e aplicação de defensivos e fertilizantes em determinadas áreas dentro das fazendas, as aplicações de Big Data envolvem dados ainda mais detalhados e concentrados obtidos por meio de sensores que, juntamente com softwares, traduzem uma recomendação de cultivo, explica Davide Ceper, sócio da McKinsey no Brasil.
É como se fosse em uma escala quase microscópica de avaliação, acrescenta Nelson Ferreira, também sócio da McKinsey no Brasil.
Ceper diz que o detalhamento das análises obtidas com a leitura dos dados no campo e o monitoramento dessas informações são uma “mistura superpoderosa”, o que permite uma tomada rápida de decisão por parte de produtores rurais e empresas.
Atualmente, algumas empresas de máquinas agrícolas, de sementes e defensivos têm implementado parcerias e programas para que os dados captados no campo possam representar recomendações de insumos com o intuito de aumentar os rendimentos no campo. Porém, de acordo com a pesquisa da McKinsey, mais dados ainda podem ser captados por satélites e drones para dar mais precisão às análises.
Além de aumentar a produtividade, o uso dos dados captados no campo podem ajudar a reduzir o desperdício de insumos e o consumo de água, por exemplo. O estudo sugere que a aplicação direta de ferramentas com base em Big Data pode representar, em cinco anos, economias de até R$ 24 bilhões, apenas nas culturas de soja, milho e trigo no Brasil.
“O Brasil deveria ter um papel relevante nessa revolução. Para o Brasil conseguir manter sua vantagem competitiva no agronegócio é fundamental que o país não deixe passar esse bonde [Big Data]”, diz Nelson Ferreira. Na sua avaliação, o país pode ser ultrapassado por outras nações se não aproveitar esse tipo de tecnologia.
Ferreira também estima que essas tecnologias vão crescer exponencialmente nos próximos cinco a dez anos, embora atualmente ainda sejam muito incipientes no país. Ele calcula que menos de 1% dos produtores usam o Big Data em seu potencial máximo e, cerca de 10% o utilizam em alguma aplicação.
Fonte: Valor Econômico