Um Santo ligado à terra, aos plantios e colheitas. Por Evaristo de Miranda

QUEM FOI SANTO ANTÔNIO?

Santo Antônio se vez presente em diferentes localidades, como Lisboa, Portugal e Pádua, Itália, que inclui áreas com agricultura como atividade econômica principal. Foto: Marcelo Sá

Vida e obra, dedicado ao trabalho e à comunidade, são muitas vezes celebradas por agricultores. 

Se maio é mês das noivas, junho é tempo de casamentos na roça e Santo Antônio casamenteiro reina com todo esplendor.

Santo Antônio de Lisboa, ou de Pádua, nasceu em 15 de agosto de 1195 em Lisboa (Portugal) e faleceu em Pádua (Itália) em 13 de junho de 1231. Morreu novinho. Seu nome era Fernando de Bulhões e Taveira Azevedo. Aos quinze anos entrou para um convento e em 1220, com vinte e cinco anos, trocou o seu nome por Antônio e ingressou na Ordem dos Franciscanos.

Santo ligado à terra, aos plantios e colheitas, ctônico

Ele era um pregador culto e apaixonado, com grande devoção aos pobres e hábil na conversão de heréticos. O livro de seus Sermões tem mais de 1.000 páginas (Ed. Vozes). Lecionou teologia em várias universidades europeias. São Francisco de Assis o chamava de “seu Bispo” por sua erudição. Em 2025 comemora-se o 830.º aniversário do seu nascimento. É veneradíssimo no Brasil, como o santo dos amores e casamentos. Ele abre o ciclo das festas juninas.

Antônio significa flor nova, anto nous. O nome é composto pela palavra grega ánthos “rebento, broto, flor” e pela expressão latina novus “novo”. O nome, voluntariamente escolhido, prometia. E Antônio foi mesmo uma nova floração para o Cristianismo e um dos grandes expoentes da Ordem dos Franciscanos. E prossegue inspirando o nome de batismo de muitos Antônios. Como se dize no Brasil: – Ai, meu Santo Antônio!

Santo Antônio é de Pádua ou de Lisboa? Os descendentes de italianos o consideram de Pádua pois lá morreu e lá estão os seus restos mortais. A basílica de Pádua ostenta relíquias desse grande orador, principalmente seu aparelho fonador (língua, cordas vocais etc.) encontrados preservados quando abriram seu caixão, séculos depois. Para os portugueses e lusodescendentes, ele é o Santo Antônio de Lisboa. Lá nasceu e viveu a maior parte de sua vida. Ele era português, pois.

Santo Antônio falava com passarinhos, com peixinhos, com o Menino Jesus, “tirou o pai da forca”, comeu o “pão que o diabo amassou”, é padroeiro dos Correios, tem patente de oficial no Exército Brasileiro e em Timor Leste. E detém o recorde de velocidade em canonização: declarado santo em menos de um ano após a morte, em 30 de maio de 1232.

De onde vem sua fama de casamenteiro? Em seu tempo, Santo Antônio trabalhou e mudou as leis relativas ao casamento. Com isso moças pobres, sem um dote, puderam contrair matrimônio, sem maiores dificuldades. Graças ao santo, o acesso ao casamento ficou mais democrático.

Histórias maravilhosas contam como o santo conseguiu ouro, dinheiro, bens e empréstimos para as jovens pobres casarem-se, além da sua atuação “jurídica”. Sua fama em matéria matrimonial cresceu. De nada servem leis facilitarem o casamento se a pessoa não encontrou seu par, sua cara metade. Lá dos céus, ele começou a ser requisitado para arrumar futuros noivos para futuras noivas e vice-versa. Parece gostar do que faz.

Viva Santo Antônio!

Evaristo de Miranda é pesquisador, escritor, doutor em Ecologia e membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA. (https://evaristodemiranda.com.br/)
Edição de texto e imagem: Marcelo Sá –  jornalista/editor e produtor literário (MTb13.9290) marcelosa@sna.agr.br
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