Um ‘crowdfunding’ agrícola

Criado há cinco meses, em Brasília, o Instituto Agrofunding nasceu como a primeira plataforma online de financiamento coletivo (“crowdfunding”) do agronegócio brasileiro e tem a pretensão de captar recursos para projetos sociais e ambientais que tenham por trás grandes multinacionais ou startups do setor.

A ideia do economista e consultor Hélcio Botelho e do engenheiro João Milhomen, idealizadores do projeto, é que o Agrofunding se transforme em uma espécie de Catarse, plataforma de financiamento coletivo mais conhecida do gênero no país e que costuma financiar, sobretudo, projetos culturais nas áreas musical e editorial.

No “crowfunding”, quem contribui geralmente é recompensado com o anúncio de seu produto, e a plataforma cobra royalties sobre o valor financiado para divulgar a iniciativa. Esse mercado já movimenta cerca de US$ 36 bilhões por ano no mundo, segundo o Banco Mundial. No caso do Agrofunding, o foco é que os projetos promovidos no site tenham apelo social.

“Muitas fazendas de soja em Mato Grosso, por exemplo, são cercadas por assentamentos rurais em que vivem pessoas pobres, por exemplo. Então o próprio produtor ou uma trading que compra a sua produção pode muito bem buscar recursos para apoiar aquela comunidade”, disse Botelho, que já foi diretor de Propriedade Intelectual do Ministério da Agricultura, entre 2011 e 2014.

“Mas nosso foco principal estará nos departamentos de marketing de grandes empresas do agronegócio que atuam com as questões sociais e ambientais”, afirmou Milhomen. “Não queremos levantar dinheiro para uma fazenda comprar uma supercolheitadeira e depois presentear os colaboradores com sacos de arroz ou coisa do tipo”.

O instituto acaba de assinar seu primeiro contrato com a Aliança da Terra, ONG ligada a projetos ambientais no segmento agropecuário. Sediada em Goiânia, a Aliança tem uma década de existência e está presente em 14 estados do país, além de atuar no México, no Paraguai e na Colômbia, muitas vezes em parcerias com gigantes como Bayer, ADM, Yara, Unilever e Santander.

A ONG cuida, por exemplo, da certificação ambiental de todas as fazendas fornecedoras de carne da raça Rubia Gallega para a rede varejista Pão de Açúcar, justamente o tipo de projeto que poderia ser propagado pela plataforma do Instituto Agrofunding.

Três projetos da ONG serão lançados em breve na plataforma com o intuito de levantar recursos para manter uma brigada contra incêndios em terras indígenas e em unidades de conservação em Barra do Bugres, região nordeste de Mato Grosso; fomentar educação ambiental em escolas rurais, e recuperar áreas degradadas e oferecer apoio a aldeias dos xavantes em Bom Jesus do Araguaia (MT).

 

Fonte: Valor Econômico

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