
As recentes declarações dos presidentes dos Estados Unidos e da Colômbia trouxeram à tona uma nova fase de tensão nas relações entre os dois países. O presidente americano, Donald Trump, em tom firme, disse que seu governo não tolerará o avanço do tráfico de drogas na região, destacando a crescente rota de envio de cocaína a partir da Venezuela para diversos destinos internacionais — inclusive com a adoção de medidas extremas, como o bombardeio de embarcações suspeitas. Em resposta, o governo colombiano, presidido por Gustavo Petro, demonstrou indignação com o tom das declarações, gerando um clima de desconforto diplomático que repercute diretamente no comércio bilateral, especialmente no setor cafeeiro.
Esse cenário, embora delicado, abre uma janela de oportunidade para o Brasil. O encontro entre os presidentes Lula e Trump, ocorrido no último 26/10, em Kuala Lumpur, capital da Malásia, poderá ser um marco para a retomada de entendimentos estratégicos entre as duas maiores economias do continente americano. O Brasil, que mantém sua posição de independência e soberania nas relações internacionais, tem buscado uma aproximação pragmática que possa gerar benefícios concretos — entre eles, a flexibilização das tarifas aplicadas ao café brasileiro.
Uma eventual redução tarifária representaria um avanço importante para nossos cafeicultores, que enfrentam desafios crescentes em um mercado global cada vez mais competitivo.
É preciso reconhecer que a expansão de mercado – tão destacada nos últimos meses – não acontece da noite para o dia. O Brasil vem trabalhando de forma consistente para ampliar suas parcerias internacionais, fortalecer certificações de qualidade e consolidar sua imagem como fornecedor sustentável e confiável, principalmente no continente asiático. No entanto, essa construção exige tempo, deve ser contínua com estabilidade, credibilidade e diálogo com diversos atores do comércio mundial.
Abastecimento de café no mercado
No atual contexto de instabilidade e tensões geopolíticas, cresce a preocupação global com o abastecimento de café. Entretanto, é importante destacar que é mínimo o risco de desabastecimento. Apesar dos baixos níveis de estoques mundiais, o mercado segue equilibrado. A redução nos envios de café do Brasil, agora da Colômbia e da América Central para os Estados Unidos, agravada pelas tensões comerciais e pelas tarifas, tem sido parcialmente compensada pelo aumento da oferta brasileira — consolidando o país como principal alternativa de fornecimento.
O Conselho Nacional do Café acompanha de perto esses movimentos e reforça que o Brasil continuará atuando de forma responsável, equilibrada e estratégica. O momento exige prudência diplomática e visão de longo prazo, mas também representa uma oportunidade única de afirmar a liderança brasileira no cenário mundial do café, promovendo crescimento, competitividade e desenvolvimento para toda a cadeia produtiva.
Por Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC) e membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA
Assessoria de Comunicação CNC – Alexandre Costa – alexandrecosta@cncafe.com.br







