Soja em Chicago mantém foco sobre seca no Brasil e China e fecha em alta

Os contratos futuros da soja na CBOT voltaram a fechar em alta, registrando a maior cotação desde 13/12/2018. Os principais vencimentos registraram ganhos de 2,50 a 2,75 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 9,24 ¼ e o maio/19 a US$ 9,37 o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT também voltaram a fechar em alta, registrando a maior cotação desde o dia 19/10/2018. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ US$ 3,10 a US$ 3,20. O março/19 fechou cotado a US$ 322,20 e o maio/19 a US$ 325,50 a tonelada curta.

O mercado continua a subir se focando na combinação seca no Brasil mais negociações entre China e Estados Unidos. As reuniões presenciais entre líderes dos dois países foram iniciadas nesta semana e caminham bem. As expectativas do mercado são bastante positivas até este momento.

A commodity subiu pela quarta sessão consecutiva em Chicago, fortalecendo as especulações de que, além das negociações, a nação asiática estaria, de fato, fazendo novas compras de soja no mercado norte-americano. Ao mesmo tempo, com adversidades climáticas ainda bastante sérias, as perdas nas lavouras de soja Brasil a fora se intensificam.

Compras da China

Importadores chineses compraram pelo menos três carregamentos de soja norte-americana nesta segunda-feira, ou cerca de 180.000 toneladas, enquanto autoridades dos dois países se reúnem para as primeiras conversas face a face desde a assinatura de um acordo de trégua na guerra comercial, disseram dois comerciantes com conhecimento dos negócios.

Um dos traders disse que o total de compras ficou próximo de 15 cargos ou cerca de 900.000 toneladas, que serão embarcadas até março por terminais no noroeste do Pacífico e ao longo da costa do Golfo dos Estados Unidos.

Embarques Semanais EUA

Na semana encerrada em 3 de janeiro, os EUA embarcaram 673.172 toneladas da oleaginosa, enquanto o mercado esperava algo entre 490.000 e 840.000 toneladas. No acumulado do ano comercial, os EUA já embarcaram 17.299.307 toneladas, contra mais de 29.6 milhões de toneladas no ano comercial anterior, nesse mesmo período.

Exportações brasileiras

A média diária de exportações de soja do Brasil na primeira semana do ano foi 70,6% maior em comparação com o registrado em todo o janeiro de 2017, informou nesta segunda-feira a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Os embarques ainda firmes de oleaginosa brasileira ocorrem após o país ter exportado um recorde de 83.8 milhões de toneladas de soja em 2018, na esteira de um forte apetite da China em meio à guerra comercial com os Estados Unidos.

Segundo a Secex, até a primeira semana de janeiro, o que compreende apenas três dias úteis, foram exportadas 121.300 toneladas de soja por dia, totalizando 363.900 toneladas. Há um ano, a média diária de embarques foi de 71.100 toneladas.

Em dezembro, contudo, o Brasil exportou mais, com uma média de 211.600 toneladas de soja por dia, ainda segundo os dados da secretaria.

A expectativa é de que esses negócios aumentem a partir de agora, tendo em vista que já há áreas colhendo soja.

Safra Brasileira

A irregularidade da nova safra brasileira continua preocupando os produtores tanto aonde as perdas já são consolidadas e aonde podem se agravar em função das adversidades climáticas. A pior situação ainda é observada no Paraná, mas áreas do Centro-Oeste e do Matopiba já começam a registrar preocupações cada vez mais sérias.

No Matopiba, o temor de um período de veranico ronda os agricultores. No Oeste da Bahia, por exemplo, principal região produtora do estado, as chuvas continuam chegando de forma mal distribuída, com volumes limitados e tiram a produtividade das lavouras de soja.

Dessa forma, a média das 63 sacas por hectare registrada no ano passado não será alcançada nesta temporada, como relatou o diretor da ABAPA (Associação Baiana dos Produtores de Algodão), Celito Breda, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (7).

O oeste baiano, este ano, plantou a soja 15 dias mais cedo do que no ano anterior e essas são as lavouras que correm mais risco. São nessas propriedades onde a última chuva expressiva aconteceu em 8 de dezembro.

Ainda segundo Breda, se as chuvas vierem logo, as perdas poderão ser amenizadas. No entanto, demorando mais 10 dias podem desenhar um cenário semelhante ao que tem sido observado no estado do Paraná.

Para o Nordeste do Brasil, as previsões mostram, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que as chuvas podem ser mais volumosas, no entanto, chegam ainda de forma mal distribuída nos próximos dias. Nas próximas 72 horas, as precipitações mais expressivas deverão se concentrar no Tocantins, interior do Maranhão e Piauí.

Enquanto isso, os próximos dias serão de chuvas ainda limitadas em toda a região do Brasil central, pelo menos até 23 de janeiro. Nesse cenário, Paraná e o Mato Grosso do Sul deverão receber menos volumes, com má distribuição pelas próximas duas semanas.

Também sentindo esse tempo mais seco no Centro do Brasil, as lavouras de soja em Goiás já apresentam também um menor potencial produtivo. Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda, o presidente da Aprosoja GO, Adriano Antônio Barzotto, informou que a associação já espera uma safra 10% menor do que a anterior por conta do clima.

“Nós realizamos um levantamento do estado onde nos foi reportado perdas de 10 até 15% devido à falta de chuva. No ano passado tivemos uma produtividade de 11.3 milhões de toneladas e esperávamos para a safra 2018/19 chegarmos muito próximos de 12 milhões de toneladas. Com esse levantamento estimamos a produtividade em torno de 10.5 milhões de toneladas ainda tendo em vista que houve um incremento de 3% na área plantada nesse ano”, disse.

Com a situação das perdas se agravando, as instituições já começam a reduzir suas estimativas para a nova safra de soja do Brasil. O Rabobank, que estimou uma colheita de 123 milhões de toneladas já reduziu seus números para algo entre 119 e 120 milhões de toneladas.

“No caso da soja tínhamos uma expectativa de que o Brasil pudesse alcançar uma safra recorde considerando que o Brasil tinha tido um bom volume de chuvas em novembro e um plantio que ocorreu dentro das melhores condições, estimávamos uma safra na ordem de 123 milhões de toneladas. Com base nas informações que nós tivemos em dezembro, a gente vê que houve uma piora nas condições das lavouras brasileiras, em especial no Paraná e Mato Grosso do Sul, e condições levemente piores do que tivemos no ano passado”, disse o analista de grãos do banco, Vitor Ikeda.

A Aprosoja Brasil já estima a produção brasileira 2018/19 em algo entre 110 e 115 milhões de toneladas.

Mercado Brasileiro

No mercado brasileiro, ainda falta consenso para os preços. Nesta segunda-feira, os preços recuaram em Paranaguá, com a saca caindo 0,77% no mercado disponível, para R$ 77,10 e 0,52% para o embarque em fevereiro, cotada a R$ 76,90. Em contrapartida, a a saca subiu 0,26% e 0,39% em Rio Grande subiram 0,26% e 0,39%, cotada a R$ 78,00 e R$ 77,80, respectivamente.

Milho fecha estável na CBOT

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em leve baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 0,75 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 3,82 ¼ e o maio/19 a US$ 3,90 ¼ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT também fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 0,25 a 2,50 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 5,16 ¾ e o maio/19 a US$ 5,21 ½ o bushel.

Embarques Semanais EUA

Na semana encerrada em 3 de janeiro, os EUA embarcaram 501.541 toneladas de milho, enquanto o mercado esperava por algo entre 640.000 e 990.000 toneladas. No ano comercial, os EUA já embarcaram 18.45.159 toneladas contra 11.4 milhões de toneladas embarcadas no ano comercial anterior.

Os EUA embarcaram também 260.134 toneladas de trigo, enquanto o mercado esperava algo entre 330.000 e 600.000 toneladas. Os embarques americanos no ano comercial já somam 12.936.185 toneladas, contra 14.7 milhões de toneladas no ano comercial anterior, nesse mesmo período.

Exportações brasileiras

Na primeira semana de janeiro, houve um aumento de 57,3% dos embarques na comparação anual, para uma média diária de 216.100 toneladas. Segundo a Secex, o total exportado foi de 648.300 toneladas do cereal. Em dezembro, o Brasil embarcou uma média diária de 200.700 toneladas.

Mercado Interno

Já o mercado interno permaneceu estável na maioria das praças. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, apenas nas cidades de Ponte Gross/PR e Luis Eduardo Magalhães/BA a saca registrou valorizações de 2,94% e 3,13%, cotada a R$ 35,00 e R$ 33,00 respectivamente.

Segundo a XP Investimentos, após valorizações intensas no início de 2019 o mercado paulista de milho abre a semana estudado. Compradores repuseram parte dos estoques consumidos durante o período de festas e, agora, reduzem o ímpeto. Produtores locais permanecem fora das vendas e as especulações de Intermediários e Silos pelo grão diferido, ao menos nessa abertura, perdem força. Segundo informantes, o milho tributado (MS e MG) também reaparece nas praças paulistas, amenizando a pressão de demanda.

Quanto ao início da colheita da safra de verão, agentes dividem suas opiniões para com o direcional de preços (aumento de disponibilidade VS seca na região Sul e Centro Oeste e inflação dos fretes). Nos portos, tradings com postura de pagar prêmios maiores para originar o milho e virar as atenções, o mais rápido possível, para os embarques de soja. Apesar do aumento dos prêmios, a baixa do dólar, por outro lado, tem minado valorizações ainda maiores.

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