Enquanto os contratos futuros da soja seguem buscando uma direção no mercado internacional, e nesta quinta-feira (3) não foi diferente, os negócios no Brasil continuam em ritmo lento e já sentindo, com maior intensidade, a queda do dólar. “Não é momento de negociação”, disse Vlamir Brandalizze.
Nos portos, os preços da saca cederam mais de 1%. Em Paranaguá, tanto a saca da soja disponível quanto a para entrega futura foram cotada a R$ 74,50, em baixa de 1,32%, enquanto em Rio Grande as baixas foram de, respectivamente, 1,31% e 1,29%, com a saca cotada a R$ 75,50 e R$ 76,50. No interior, algumas praças, como Jataí, em Goiás, a saca caiu mais de 4%, fechando a R$ 62,37, e Ponta Grossa, no Paraná, caiu 2,78% para R$ 70,00.
Os preços praticados no Brasil, mais uma vez, refletiram a forte queda do dólar, que fechou o dia em baixa de 2,19%, cotada a R$ 3,8022 para venda, na menor cotação em quase três meses.
Segundo o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os portos brasileiros estão abarrotados nesse momento com a chegada da nova safra, o que pode ser confirmado pelos elevados volumes de soja exportados pelo País em fevereiro e mais as perspectivas de números ainda expressivos em março, e os compradores focam agora o cumprimento dos contratos já firmados.
“Tudo isso se refere a volumes já comercializados. Quase 60% da safra nacional já foi vendida e é normal que, nesse momento, as cotações não reajam. Afinal, aqueles que já compraram a soja antecipadamente vão dar preferência ao recebimento de seus contratos e, em novos negócios vão pagar menos. Mas esse é um movimento normal para esse período agora de março a abril”, disse Brandalizze.
Dessa forma, a orientação do consultor é para o produtor brasileiro que ainda tem volumes da safra 2015/16 para serem negociados, faça um escalonamento e que aguarde melhores oportunidades, que podem surgir em dois meses, coincidindo com o período em que os preços em Chicago podem vir a reagir com algum problema climático na safra nova dos Estados Unidos. As especulações começam a ganhar força, porém, as confirmações sobre condições adversas de clima ainda não chegaram.
“O produtor que não necessita de caixa, se puder segurar de um a dois meses vai conseguir preços melhores (…) as cotações sairiam do fundo do poço para patamares melhores e os produtores podem ver os preços melhores, com níveis nos portos de novo acima de R$ 80,00 até R$ 85,00/R$ 87,00 e não na casa dos R$ 75,00 a R$ 77,00 que temos visto hoje”, disse.
Bolsa de Chicago
Na CBOT, os principais vencimentos terminaram o pregão em alta de pouco mais de 2 centavos. O contrato maio/16 fechou cotado a US$ 8,63¾ e o julho/16 a US$8,70¼ o bushel. Ao longo do dia, porém, os contratos futuros da soja oscilaram, chegando a registrar perdas de até 3 centavos.
Essas quedas que foram registradas mais cedo já vinham sendo sinalizadas pelos analistas, uma vez que os traders ainda não contam com estímulos suficientes do mercado financeiro ou de novidades fortes dos fundamentos, que já são conhecidos. Nem mesmo a queda do dólar hoje, foi suficiente para dar suporte às cotações. O comportamento do mercado internacional continua técnico, passou por uma realização de lucros, porém, ainda se mostra sem direção, mas atuando com oscilações ainda muito tímidas.
O boletim semanal de vendas para exportação do USDA mostrou uma alta expressiva do volume em relação à semana anterior, porém, com números ainda dentro das expectativas.
As vendas de soja na semana encerrada em 25 de fevereiro foram de 442.200 toneladas, enquanto as estimativas do mercado variavam entre 200.000 e 600.000 toneladas. Do total, 440.100 toneladas foram da safra 2015/16, 70% a mais do que na semana anterior, com a China como principal destino adquirindo 281.400 toneladas e 2.100 toneladas da safra nova. No acumulado do ano comercial 2015/16, as vendas totais estão 11% abaixo da temporada anterior.
OS EUA venderam ainda 132.300 de farelo de soja, volume que também ficou dentro da estimativa do mercado, de 100.000 a 250.000 toneladas. Do total, foram 132.100 toneladas da safra atual e mais 200 toneladas da safra nova. Os maiores compradores foram as Filipinas e o Canadá.
E as vendas semanais de óleo de soja, apesar de fracas, também ficaram dentro das expectativas – que iam de 0 a 10.000 toneladas – ao somarem 900 toneladas. O volume é 72% menor do que o registrado há uma semana. O Canadá foi o maior comprador.
Fonte: Notícias Agrícolas