Soja: Chicago intensifica queda e prêmios no Brasil tentam compensar parte das perdas

A pressão sobre os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago e as incertezas sobre uma melhora nas relações comerciais entre China e Estados Unidos faz com que os fundos sigam se desfazendo de suas posições compradas na commodity, pesando ainda mais sobre as cotações no pregão desta segunda-feira (25/6).

Na última semana, os especuladores estavam comprados em apenas 27.073 contratos, a menor posição em aberto desde a semana encerrada em 23 de janeiro, segundo números do CFTC (Commodity Futures Trading Commission).

Assim, por volta de 13h45 (Horário de Brasília), os principais vencimentos registravam quedas de 17,50 a 19 centavos, com o julho/18 cotado a US$ 8,77 (mínima a US$ 8,71 ¾) e o novembro/18 a US$ 8,97 (mínima a US$ 8,92 ½) o bushel.

“Os gestores dos fundos estão cada vez mais pessimistas em relação aos futuros da soja e do milho diante das boas condições de clima para o desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste americano”, dizem os analistas do portal internacional Agriculture.com.

“Apesar do excesso de chuvas em algumas áreas, a maior parte do Corn Belt conta com um cenário ideal para seu progresso desde o início dessa nova safra”.

Hoje, ao final da tarde, após o fechamento de mercado em Chicago, o USDA divulgará o seu relatório semanal de acompanhamento de safras com as condições das lavouras americanas.

No radar do mercado estão também dois outros relatórios do USDA para esta semana. No dia 29, sexta-feira, serão divulgados números atualizados dos estoques trimestrais de grãos dos EUA e da área plantada da safra 2018/19. “E o mercado busca um bom posicionamento antes da chegada desses relatórios”, afirma a Allendale, inc.

Além do mais, não há grandes novidades neste mercado. Porém, esse tem sido um dos principais fatores de pressão sobre as cotações. O mercado segue cauteloso diante da guerra comercial entre chineses e americanos e frente ainda à falta de notícias sobre um possível acordo entre as duas nações.

As tarifas impostas por Donald Trump deverão começar a vigorar a partir do dia 6 próximo e a soja americana, nas mãos da China, funciona como um dos principais instrumentos de retaliação. Assim, a sinalização de uma possível demanda menor da China nos EUA mantém o mercado pressionado na CBOT.

Segundo o USDA, os embarques de soja totalizaram 514.214 toneladas na semana encerrada no dia 21 de junho. Na semana anterior, o volume foi de 818.396 toneladas. No acumulado ano comercial, os embarques totalizam 48.821.567 toneladas contra as 52.257.602 toneladas no ano anterior.

Mercado brasileiro

Nos portos do Brasil, a segunda-feira dá início a mais uma semana de paradeira nos negócios do mercado de grãos. A questão logística e o entrave na questão dos fretes mantêm a comercialização parada e impede que os produtores aproveitem alguma boa oportunidade de novas vendas que apareçam.

Segundo o analista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, as indicações de compra no porto de Paranaguá, com pagamento em 30 a 40 dias, estão a R$ 84,00 por saca e podem chegar aos R$ 85,50 no fim de agosto. O principal suporte para as cotações no mercado brasileiro ainda vem dos prêmios, que seguem acima dos US$ 1,60 sobre as cotações de Chicago e do dólar, que se mantém acima dos R$ 3,70.

“Negócios muito lentos, praticamente parados nas últimas semanas. Por enquanto, o melhor ficou para trás”, disse Motter. “E na verdade, o principal problema é essa trava dos fretes. A questão dos fretes é uma interferência no mercado e acaba travando mesmo que você queira participar em um mercado fraco”.

Milho: mercado amplia queda em Chicago de olho na China e no clima no Meio-Oeste dos EUA

Os contratos futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) ampliaram as perdas. Por volta das 13h45 (Horário de Brasília), os principais vencimentos recuavam de 5,75 a 6,25 centavos. O contrato julho/18 estava cotado a US$ 3,51 ½ e o dezembro/18 a US$ 3,72 ¼ o bushel.

“Os contratos futuros de grãos estão baixos nesta segunda-feira, pressionados pelos últimos movimentos na disputa comercial entre os EUA e a China. Notícias de que a administração Trump pode impor restrições ao investimento chinês em empresas de tecnologia dos EUA resultaram na queda de mercados ao redor do mundo”, destacou o site internacional Farm Futures.

Paralelamente, as atenções do mercado permanecem voltadas para as condições climáticas no Meio-Oeste. “As lavouras de soja e milho dos EUA se beneficiaram de condições de crescimento úmido e quente até agora, pressionando ainda mais os preços. Mas agora alguns analistas estão considerando se o solo está muito molhado em algumas áreas”, informou a Reuters.

Segundo o USDA, os embarques de milho somaram 1.511.746 toneladas na semana encerrada no dia 21 de junho. Na semana anterior, o volume foi de 1.680.329 toneladas. No acumulado ano comercial, os embarques totalizam 44.193.302 toneladas contra as 47.585.928 toneladas no ano anterior.

 

Fontes: Reuters, Notícias Agrícolas e SNA

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