SNA irá apresentar ao Mapa proposta de integração da cadeia produtiva do leite

O preço pago ao produtor de leite começa a dar sinais de redução, apesar da nova alta em setembro. Foto: Arnaldo Alves / ANPr

A Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) irá apresentar, no próximo dia 19 de novembro, à Câmara Setorial do Leite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), uma proposta de integração da cadeia produtiva do setor.

O objetivo é definir, por acordo, as margens máximas para cada etapa do processo, desde o produtor até o consumidor, permitindo maior previsibilidade para todos os integrantes da cadeia. A informação foi divulgada pelo diretor da SNA, Alberto Figueiredo.

Segundo ele, os produtores de leite enfrentam atualmente um cenário crítico. “A frágil relação entre os elos da cadeia produtiva do leite tem provocado uma constante oscilação de resultados, caracterizando uma equação do ‘perde-ganha’ em que cada um tenta se aproveitar do melhor vento de popa para avançar nos lucros em relação aos demais”.

Para o diretor da SNA, o melhor a ser feito em relação à cadeia produtiva do leite, “que tem pretensões de ocupar espaços no mercado internacional, seria o bom entendimento entre produtores, indústrias e varejistas, possibilitando contratos honestos e duradouros”.

Realidade do setor

O preço do leite ao produtor registrou nova alta em setembro, levando a cotação para um valor recorde de R$2,13/litro na média Brasil. Na comparação com setembro de 2019, o valor recebido pelo produtor foi 55% maior.

Apesar das altas nos preços, a relação de troca no setor continua pior que a observada em 2019, devido aos valores do milho e da soja. No último mês, foram necessários 38 litros de leite para aquisição de 60 kg de mistura concentrada (70% de milho e 30% de farelo de soja).

No varejo, os preços de leite e derivados continuaram em aceleração, com alta de 4,17% em setembro. Todas as categorias tiveram aumentos no mês, com destaque para o leite UHT, que subiu 6% no mês e já acumula alta de 27% em 12 meses.

Essas informações, contidas no Boletim do Leite da Embrapa (CNPGL), demonstram a realidade da cadeia produtiva do leite nos últimos meses de 2020.

É possível verificar que, enquanto o leite UHT (de caixinha) experimentou, em 12 meses, um aumento de preço de 27%, o produtor de leite recebeu um aumento de remuneração de 55% no mesmo período.

Alta nos insumos

No entanto, ressaltou Figueiredo, “estaria o produtor ‘voando em céu de brigadeiro’ não fosse o aumento experimentado por todos os insumos usados para a manutenção dos rebanhos, principalmente o milho, com aumento de 100% em 12 meses e a soja no mesmo diapasão”.

Segundo o diretor da SNA, esse fato fez com que a necessidade de venda de litros de leite para comprar a mistura composta de 70% de milho e 30% de soja fosse maior, desfavorecendo o produtor.

Sinais de redução de preços

Diante desse cenário, já desfavorável, acrescentou Figueiredo, “o milho e a soja continuam em franca ascensão de preço, enquanto o preço pago ao produtor dá sinais de redução, em alguns casos, com significativos índices de 10% ou mais”.

Ainda segundo o diretor da SNA, “as importações de leite em pó feitas indústrias, além do aumento de produção, característico dessa época do ano, em função do aumento da oferta de pastagem, por conta das chuvas e da insolação, são fatores importantes para o aumento da oferta de matéria prima, provocando, pela famosa lei da oferta e da procura, a redução dos preços pagos ao produtor”.

 

Fonte: Embrapa

Equipe SNA

 

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