A economia de água proporcionada pelas novas técnicas de irrigação tem estimulado os investimentos por parte dos agricultores, principalmente após o longo período de estiagem observado em 2014. Uma das empresas que vem expandindo a atuação em Minas Gerais é a Netafim.
De origem israelense, a indústria especializada em irrigação pretende ampliar, significativamente, a atuação no Estado, principalmente na cultura do café, onde a demanda pelos sistemas de irrigação por gotejamento está em pleno crescimento.
A economia no volume de água proporcionada pelo gotejamento varia entre 30% e 50% quando comparada com a irrigação por aspersão. O saldo de economia de água para consumo humano com o gotejamento pode variar de 20% a 40%.
De acordo com o gerente Agronômico da Netafim, Carlos Sanches, muitos produtores têm investido no sistema e a tendência é de manutenção do crescimento, já que grande parte do País vem enfrentando períodos mais longos de estiagem e perdas na produção agrícola.
A maior exigência dos consumidores em relação a produtos gerados de forma sustentável, o que agrega maior valor quando se tem certificação, também serve de estímulo para investimentos em sistemas mais eficientes.
“A economia do recurso hídrico na irrigação por gotejamento acontece através da disponibilização de água junto ao sistema radicular da planta, enquanto no sistema mais utilizado no país, por aspersão, a água é distribuída por toda a extensão da planta, necessitando de um maior volume de água para atender a demanda da cultura. Além de utilizar um menor volume de água, é possível reduzir os custos e ampliar a produtividade, já que a planta receberá o volume necessário do recurso hídrico para se desenvolver”, explica.
DEMANDA
Ainda segundo Sanches, a maior demanda em Minas Gerais é proveniente dos cafeicultores, principalmente das regiões Sul e Cerrado, as maiores produtoras do Estado. “O ganho em produtividade e a economia proporcionados são bem vantajosos, o que torna o investimento no sistema interessante para o produtor”, ressalta.
Para se ter uma ideia, a planta do café necessita de cerca de cinco litros de água por dia para ter pleno desenvolvimento. No método tradicional de aspersão são gastos entre 7,5 litros e 8 litros para que a planta absorva os cinco necessários. De acordo com Sanches, quando se usa o gotejamento, a irrigação no sistema radicular consegue atender a necessidade da planta com apenas 5,3 litros, uma economia de 33%.
Além da economia de água, com os equipamentos de gotejamento é possível fazer a fertirrigação, técnica que disponibilizar no sistema radicular da planta nutrientes para que a produtividade seja ampliada.
Segundo ele, o produtor que investe no sistema pode adicionar na água da irrigação os nutrientes que cada cultura necessita, como nitrogênio, fósforo, magnésio, entre outros. Por ser depositado junto ao sistema radicular, a absorção é maior o que pode ampliar a produtividade em até 200%.
“No café, por exemplo, enquanto em uma cultura tradicional o rendimento varia de 19 a 20 sacas por hectare, com a fertirrigação já registramos casos em que o cafeicultor colheu volume acima de 55 sacas por hectare. Com isso, o produtor consegue ter retorno do investimento já na primeira safra, somente pelo aumento da produtividade”, enfatiza.
Em tempos de crise hídrica, demanda cresce no Estado
De acordo com o gerente Agronômico da Netafim, Carlos Sanches, a expectativa em relação ao mercado de irrigação por gotejamento é muito positiva. Em 2014, após o longo período de estiagem, a demanda pelos produtos da Netafim cresceu entre 25% e 30%, índices que deve ser repetidos em 2015, devido ao novo período de escassez hídrica registrado em janeiro.
“Nosso crescimento vem sendo estimulado pela crise hídrica vivenciada, principalmente, na região Sudeste do país e pela maior preocupação dos produtores em investir em equipamentos que promovam o uso racional dos recursos naturais”, avalia. Minas Gerais, segundo Sanches, possui um mercado de irrigação muito amplo, além do café, a empresa atua no setor de soja, milho, citros, cana-de-açúcar e frutas.
Ainda segundo Sanches, no País o uso da irrigação por gotejamento ainda é pequeno, mas a tendência é de crescimento contínuo devido aos bons resultados proporcionados pela técnica. A estimativa da Netafim mostra que entre 70% e 80% das áreas irrigadas no País utilizam o sistema de aspersão.
De acordo com as informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), no Estado, a área com uso de irrigação é de 600 mil hectares. A maior parte das áreas irrigadas está no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste, com as lavouras de grãos e café.
No Norte de Minas, destaca-se a produção de frutas e hortaliças, principalmente nos projetos Jaíba e Gorutuba, onde a irrigação localizada (gotejamento e microaspersão) é a mais utilizada.
Já no Sul de Minas, a produção de morango é irrigada por gotejamento. Nos municípios do entorno de Belo Horizonte, há uma grande produção de hortaliças. Boa parte dos agricultores utiliza a irrigação localizada.
Fonte: Diário do Comércio